Chet Baker, Apenas Um Sopro
- Direção: José Roberto Jardim
- Duração: 80 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
O russo Constantin Stanislavski (1863-1938), criador do método teatral que coloca as experiências pessoais do intérprete como alicerce da composição do personagem, ficaria orgulho ao ver sua teoria comprovada em Chet Baker, Apenas um Sopro. Protagonizado por Paulo Miklos, o drama escrito por Sérgio Roveri ganha sustentação na presença do roqueiro dos Titãs como o cantor e trompetista americano. A vivência de Miklos em shows e gravações, além da já superada dependência química, é projetada de forma que cativa o espectador mais explicitamente que seu próprio desempenho de ator. Ao mesmo tempo, a entrega do artista humaniza o ídolo retratado de forma tão frágil e facilita o espelhamento junto à plateia. A trama faz um recorte ficcional em torno da biografia de Chet Baker (1929-1988). No fim da década de 60, o jazzista foi agredido nas ruas de São Francisco e ficou impedido de tocar. Depois de três anos, ele volta aos estúdios para gravar um disco e encontra um clima pouco amistoso entre os músicos (representados por Anna Toledo, Jonathas Joba, Piero Damiani e Ladislau Kardos) que vão acompanhá-lo. Na sua quinta experiência, o diretor José Roberto Jardim demonstra maturidade ao evidenciar uma preocupação de diálogo com o espectador. Em meio a tantos associações óbvias, Jardim construiu um montagem palatável e optou por ousar na escalação de um bom time de músicos/atores como suporte para Miklos. Convincente na pele da frustrada Alice, Anna Toledo vai além e é o grande destaque. Sua interpretação para a canção Solitude, de Duke Ellington, comove e dialoga diretamente com o momento de Baker ali retratado. Estreou em 20/1/2016. Até 7/4/2016.