Caro Francis

Resenha por Miguel Barbieri Jr

Em Alô, Alô, Terezinha, o jornalista
e diretor Nelson Hoineff já fugia do didatismo
para biografar Chacrinha. O mesmo ocorre
em seu novo documentário, cujo enfoque
recai no colega de profi ssão Paulo Francis
(1930-1997). O realizador faz aflorar a verve sarcástica de Francis por meio de uma porção
de imagens de arquivo e de depoimentos de 32
profissionais. Além das espertas intervenções
no programa Manhattan Connection, do canal
GNT, e trechos de sua coluna eletrônica no Jornal
da Globo, a fita recolhe gafes fora do ar e
vai atrás de seu passado de crítico teatral — daí
a presença da diva Fernanda Montenegro. Mas
centra atenção mesmo no jornalismo. Francis
usava o deboche e a fina ironia para falar de
política, economia, artes. Parceiros, colegas e
amigos como Nelson Motta, Lucas Mendes,
Ruy Castro, Boris Casoy, Fausto Wolff e Diogo
Mainardi relembram passagens curiosas e quase
sempre divertidas. O desfecho, triste, abrupto
e desconcertante, dá uma sensação de vazio,
sobretudo pelas emocionadas palavras da viúva
Sônia Nolasco. Estreou em 8/1/2010.

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