Cafarnaum

- Direção: Nadine Labaki
- Duração: 122 minutos
- Recomendação: 16 anos
- País: França,Líbano
- Ano: 2018
Resenha por Miguel Barbieri Jr.






Um dos nove pré-indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro, Cafarnaum deve figurar entre os cinco finalistas e, caso Roma não fosse o favorito, mereceria o prêmio. Em seu terceiro longa-metragem, a libanesa Nadine Labaki tira de campo a leveza de Caramelo (2007) e de E Agora Onde Vamos? (2011) para investir numa arrebatadora, triste e cruel história realista. Filmado na periferia de Beirute, a trama é centrada no drama de Zain (Zain Al Rafeea). Ele é o primogênito de uma família paupérrima e tem quatro irmãs. Desde o início sabe-se que Zain, de presumíveis 12 anos de idade, está preso por um crime. Volta-se, então, no tempo para explicar sua angustiante jornada rumo ao inferno. Zain servia de vendedor ambulante para um comerciante e, sem ter o que comer, furtava alimentos dos mercadinhos. Os pais pouco se importavam com a educação dos filhos. Na segunda (e dolorosa) parte de sua jornada, o menino encontra abrigo no casebre de uma refugiada, que esconde seu bebê das autoridades. Há um fervilhante caldeirão de temas, muito bem explorados pelo roteiro de cinco autores, incluindo a prória realizadora. Nadine capta da exploração do trabalho infantil aos casamentos arranjados, da miséria (também humana) à crise dos imigrantes sírios ilegais, da negligência na educação à falta de controle da natalidade. Tudo isso está representado pelo pequeno protagonista e por outros poucos personagens à sua volta. Carregando um filme impactante nas costas, o garoto dá um show de autenticidade e garra com um olhar de desilusão poucas vezes visto nas telas. Direção: Nadine Labaki (Capharnaüm, Líbano/EUA, 2018, 121min). 16 anos. Estreou em 17/1/2019.