Bruto

- Direção: Luiz Fernando Marques
- Duração: 120 minutos
- Recomendação: 16 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.




Histórias em forma de mosaico tomaram conta do cinema na segunda metade da década de 90. Uma cena inicial ganhava explicação na situação contada logo a seguir e, um detalhe anterior, se justificava na reta final, como um quebra-cabeça. O recurso também foi explorado no teatro, mas nem sempre alcançou um bom resultado. Bruto, vigoroso drama escrito por Alexandre Dal Farra e dirigido por Luiz Fernando Marques com os atores do Núcleo Experimental do Sesi, entra para a lista dos casos bem-sucedidos. Onze jovens um tanto perdidos na vida norteiam a trama, formada por cenas curtas impactantes e de forte teor dramático. Em uma delas, uma garota comunica a gravidez ao namorado milionário e propõe um acordo financeiro. Em seguida, um amigo confessa ao outro que sofreu um estupro no passado, enquanto, na sequência, uma garota deprimida leva o fora da namorada, que pretende se casar com um rapaz. Como previsto, a costura se dá na reta final, durante uma festa em que todos são confrontos com um pesadelo de proporções caóticas. Cada narrativa se fecha, como se fosse independente, e os espectadores são obrigados a se deslocarem pelos espaços montados no Mezanino do Centro Cultural Fiesp para acompanhá-las. Como autor, Dal Farra marca mais um gol ao tocar em feridas da nossa realidade, mergulhando dessa vez em uma densa análise psicológica de uma geração afoita e sem o controle dos próprios atos. A encenação criada por Marques conduz o elenco, de rendimento irregular, a uma tensão viva e crescente. André Zurawski, Cibele Bissoli, Emilene Gutierrez, Guto Moura, Luana Tanaka, Heitor Vallim e Heráclito Caleb se destacam entre os onze atores. Estreou em 16/4/2015. Até 26/7/2015.