As Criadas – Eduardo Tolentino de Araújo
- Direção: Eduardo Tolentino de Araújo
- Duração: 90 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
De 1987 a 2001, o Grupo Tapa, comandado pelo diretor Eduardo Tolentino de Araújo, levou ao Teatro Aliança Francesa, na Vila Buarque, montagens que estabeleceram um padrão de rigor e refinamento nos palcos paulistanos. Com As Criadas, peça escrita pelo francês Jean Genet em 1947, o encenador volta à antiga sede amparado por três atrizes fundamentais na consagração do grupo, Clara Carvalho, Denise Weinberg e Emilia Rey. O resultado inegavelmente encanta pelo saudosismo, mas prova que nenhum clássico — seja um texto, seja uma companhia teatral longeva — se firma como tal à toa. Nas mãos de Tolentino, o espetáculo transita pelo drama e pela tragicomédia para tratar de uma incômoda relação entre opressor e oprimido. As irmãs Clara e Solange (interpretadas por Clara e Denise) são empregadas de uma mansão. Em relação a Madame (papel de Emilia), elas só alimentam raiva e têm como passatempo vestir as roupas e as joias da patroa para, como duas meninas, promover uma inversão de papéis lúdica e perversa. Em um duelo vigoroso, Clara e Denise alternam ira, fragilidade, rancor e agressividade em minutos, muitas vezes gerando desconforto no público. A ironia cabe a Emilia, que, por cerca de quinze minutos, tem participação marcante na pele de Madame. Reforçado pelo tom grave de Denise, o denso final traz um impactante discurso social e mostra que o Tapa, quando reúne bons nomes para atuar em uma obra consistente, dignifica sua marca. A atriz Mariana Muniz substitui Denise Weinberg na temporada. Estreou em 16/1/2015.