Ana Elisa Egreja – Jacarezinho 92
Resenha por Julia Flamingo
Sem encontrar um ateliê apropriado na capital, Ana Elisa Egreja acabou optando por ocupar a casa da avó, no Jardim Paulistano. A residência abandonada seria uma solução provisória por, no máximo, um ano. Em 2017, porém, ela completa nove anos ali. “Percebi que minha produção foi sendo influenciada pela casa vazia”, conta. “Infiltrações, espelhos quebrados e cômodos desabitados estavam cada vez mais presentes na minha obra”, explica. Exímia pintora paulistana, a artista cria telas detalhadas de ambientes caseiros e elementos kitsch há mais de uma década. Até sua individual no Instituto Tomie Ohtake, no ano passado, os cenários de realismo fantástico eram criados digitalmente. A partir de então, ela passou a substituir a tecnologia pela realidade. Sua nova individual na Galeria Leme, Jacarezinho 92, mostra de que maneira o realismo — antes limitado a pequenas cenas — começou a ocupar grandes dimensões. Ratos, periquitos e galinhas (alugados) e polvos (comprados no mercado de Pinheiros) foram levados para a casa da avó para compor cenários com pérolas, azulejos, frutas, papéis de parede ornamentados e luzinhas de Natal. Ana Elisa chegou até a alagar uma das salas e trazer um grupo de grafiteiros para dar vida aos seus teatros imaginários. As situações foram registradas em fotografias que, por sua vez, viraram base para suas pinturas gigantes. Sete telas da mostra, como Corredor com Ratos, exibem seu domínio total de técnicas de textura, jogos de luz e sombra e representação.“ Essa série foi uma despedida para mim”, diz a artista. “Agora quero sair de lá”, promete. Até 6/5/2017.