A Paixão Segundo Nelson – Uma Farsa Musical Brasileira
- Direção: Debora Dubois
- Duração: 110 minutos
- Recomendação: 12 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Há algo de muito sedutor e provocativo no mundo de Nelson Rodrigues (1912-1980), e o teatro, felizmente, não cansa de celebrá-lo. Sob a direção de Debora Dubois, A Paixão Segundo Nelson — Uma Farsa Musical Brasileira insere o maior dramaturgo do país no gênero mais badalado da atualidade. E quem fez a adaptação das crônicas, a maioria publicada na imprensa, para o formato de musical foi o cantor e compositor Zeca Baleiro, responsável também pela trilha sonora e pelos divertidos jingles. A curiosidade já está formada, e o melhor de tudo é que, mesmo sem nenhuma transgressão e até um pouco ameno, o espetáculo retrata com requinte e de forma palatável os tipos e as tramas do autor. A dramaturgia é costurada pela personagem Myrna (representada por Roberto Cordovani), uma conselheira sentimental prática e sincera, que comanda um programa de rádio. Os esquetes se enfileiram na estrutura simples da montagem, ora como histórias das ouvintes de Myrna ora como cenas dos bastidores da emissora. Os temas criados por Baleiro dialogam bem com os tipos rodriguianos e com a atmosfera passional dos anos 50, repletos de dramaticidade e daquele exagero folhetinesco. Destaque do elenco, o ator Jarbas Homem de Mello se divide em personagens de diferentes perfis e idades, surpreendendo o espectador ao transitar pelo trágico e pelo cômico. Com bons momentos, porém sem o mesmo brilho, ainda aparecem Vanessa Gerbelli, Rui Rezende, Helena Ranaldi, Marcos Lanza, Giselle Lima e Lula Lira. Estreou em 17/3/2016. Até 17/4/2016.