A Memória que Me Contam

Resenha por Miguel Barbieri Jr.

A carioca Lúcia Murat explora quase um único assunto: os traumas do regime militar — vide os documentários Que Bom Te Ver Viva (1989) e Uma Longa Viagem (2011) e a ficção Quase Dois Irmãos (2004). Sem virar o disco, suas memórias estão de volta neste drama. No presente, Irene (Irene Ravache), alter ego de Lúcia Murat, é uma cineasta cuja amiga, Ana, encontra-se inconsciente num hospital. e Irene, Ana mais um grupo de companheiros foram ativistas de esquerda e presos durante a ditadura. O passado aparece por meio de lembranças e com Simone Spoladore na pele de Ana, inspirada em Vera Sílvia Magalhães, colega da diretora que morreu em 2007. No papel do marido de Irene, o ator italiano Franco Nero entra no roteiro numa alusão ao caso do terrorista Cesare Battisti. A realizadora ainda “moderniza” sua história enfocando o dilema dos filhos desses revolucionários — entre eles há um casal gay. Mas nem os esforços de parecer atual tiram o ranço passadista do filme. Contudo, o elenco, que inclui ainda os experientes Otávio Augusto, Zecarlos Machado, Hamilton Vaz Pereira e Clarisse Abujamra, segura as pontas. Estreou em 14/6/2013.

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