A Graça do Fim
- Direção: Elias Andreato
- Duração: 60 minutos
- Recomendação: 12 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.


Testamento criativo do dramaturgo e diretor Fauzi Arap (1938-2013), a comédia A Graça do Fim traz à tona virtudes um tanto esquecidas no teatro. Sob o comando de Elias Andreato, a montagem sensibiliza a plateia através da extrema simplicidade do cotidiano, representada em diálogos ácidos, divertidos e, por vezes, carregados de melancolia. Em uma surpreendente transformação, o ator Nilton Bicudo aparenta pelo menos vinte anos a mais, recorrendo, no máximo, a uma leve maquiagem e à cor branca no cabelo. Ele interpreta um senhor ainda lúcido e ativo impedido de viver sozinho pela família por causa das limitações da idade. Um cuidador (papel de Cleiton Santos) é contratado para vigiá-lo, para administrar seus remédios e mantê-lo sob controle. Sim, o óbvio acontece. A revolta e a implicância inicial se transformam em amizade, com as diferenças devidamente aceitas e as experiências compartilhadas. Por ser a última peça de Arap, finalizada quando ele já encarava a derrota para o câncer, ela pode ser vista sob um olhar mais condizente. A cuidadosa direção de Andreato e a impecável atuação de Bicudo, no entanto, valorizam as palavras dessa crônica de costumes. Mesmo a pouca experiência de Cleiton Santos, em sua criação linear, não diminuiu o interesse em torno do discurso final de Arap, que, de tão prosaico, alcança a profundidade. Estreou em 30/1/2015. Até 27/6/2015.