À Beira-Mar
- Direção: Angelina Jolie Pitt
- Duração: 122 minutos
- Recomendação: 12 anos
- País: EUA/França
- Ano: 2015
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
Não se pode dizer que Angelina Jolie Pitt (sim, agora ela assina com o sobrenome do marido, Brad) é uma mulher medrosa. Mãe de seis filhos e engajada em ações humanitárias pelo mundo, a bela, além de atuar, virou diretora de ficções, em 2011, com Na Terra de Amor e Ódio. Apenas um ano separa Invencível, seu segundo longa-metragem atrás das câmeras, do novo À Beira-Mar. Angelina também escreveu o roteiro e pegou o papel principal, mas deu a seu marido espaço para brilhar mais. A história, ambientada no início da década de 70, se passa num vilarejo litorâneo do sul da França (as filmagens, porém, foram em Malta) e mostra o desgaste do casamento dos americanos Roland (Brad Pitt) e Vanessa (Angelina). Eles pouco se falam. Hospedados num deslumbrante hotel à beira-mar, buscam “passatempos” opostos. Enquanto o escritor Roland prefere encher a cara e recolher histórias para seu novo livro na companhia de um velho barman (Niels Arestrup), Vanessa faz raras caminhadas e se entrega ao ócio e às pílulas para depressão. Os dois atravessam uma má fase após catorze anos juntos. Pode dar certa esperança a Roland e Vanessa a chegada ao local dos franceses Lea (Mélanie Laurent) e François (Melvil Poupaud), jovens, recém-casados e com o fogo da paixão em alta. Angelina se amparou em técnicos de primeira linha, entre eles Gabriel Yared (de O Paciente Inglês), autor da trilha sonora, e Christian Berger, diretor de fotografia de A Fita Branca. É difícil encontrar algum deslize na fabulosa recriação de época. A trama, embora termine de forma previsível, tem bons (e ousados) achados, como o voyeurismo a que se entregam os protagonistas. Contudo, o registro da intimidade de personagens sofridos carece de emoção. Em narrativa fria (quase gélida), Angelina conduz o drama abrindo mão do calor em nome da estética perfeita. Estreou em 3/12/2015.