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Achados da Zona Leste (de A a Z)

Um guia com restaurantes, comidinhas, parques e lugares históricos com o melhor da região

Por Redação VEJINHA.COM
Atualizado em 1 jun 2017, 17h29 - Publicado em 22 nov 2013, 17h00

De A a Z, selecionamos 35 endereços, atrações e personagens que ajudam a formar a identidade dos bairros da Zona Leste de São Paulo.

Acepipes – Queijo, salame, presunto, salsicha e aliche estão entre os 120 petiscos do tradicionalíssimo Elidio Bar. As iguarias saem por R$ 9,00 a porção de 100 gramas e atraem botequeiros da região e de outros bairros. Por lá, são vendidos ainda sardinha e escabeche por quilo. O pastel de bacalhau, o sanduíche de mortadela e a coxinha de creme também são muito procurados pela clientela. Sábado é dia de feijoada. As paredes decoradas com retratos de esquadrões de décadas passadas ajudam a dar o tom futebolístico da maior parte das conversas dos fregueses. O bar nasceu em 1973, fundado por Elidio Raimondi, um simpático descendente de italianos, que tocava o comércio até o ano passado, quando faleceu.

BacalhoeiroAlém dos diferentes preparos do peixe oferta dos no cardápio (o bacalhau à brás, que vem à mesa quase sem sal e é acompanhado de azeitona verde, cebola, batata palha bem mole, ovo e salsinha, custa R$ 62,00), outra especialidade da casa, aberta em 2009, é o arroz de pato. Entre os petiscos do restaurante, destaque para a frigideira de polvo e lula (R$ 49,00) e para o bolinho de bacalhau (R$ 20,00). “Fora os pratos, outro diferencial é o nosso imóvel, com pé-direito alto e parede vertical formada por plantas”, diz o gerente Sérgio Ferreira. A adega abriga cerca de 1 200 vinhos, com preço entre R$ 50,00 e R$ 2 000,00.

 

Bichos – Uma das maiores cadeias da cidade de produtos e serviços para animais de estimação, o Pet Center Marginal possui uma filial no Jardim Aricanduva. No início de dezembro, deve inaugurar outra unidade na Zona Leste. Trata-se de uma megaloja no Jardim Anália Franco (Rua Regente Feijó, 677), com 900 metros quadrados. Fruto de um investimento de 2,2 milhões de reais, o endereço terá um mix de aproximadamente 20 000 produtos e serviços, como centro de estética e clínica veterinária. “Existe na região uma forte concentração de consumidores de alto poder aquisitivo”, afirma o diretor de marketing Hélio Freddi Filho, responsável pela expansão da rede. “Em 2014, queremos abrir outra unidade no Anália Franco.”

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Cannoli – Desde a década de 70 os jogos do Juventus no estádio da Rua Javari têm um ingrediente a mais: o doce de massa frita e folhada vendido por Antônio Garcia nos intervalos.O sucesso é tanto que logo no início das partidas o público já começa a formar fila para conseguir uma das unidades, vendidas a R$ 2,50. “Saem até 450 delas em um jogo”, conta seu Antônio, como é mais conhecido. O comerciante aprendeu a fazer o quitute aos 10 anos, trabalhando para um casal de italianos. Hoje, produz a receita com ajuda da esposa e da nora. O cannoli açucarado do seu Antônio ajuda a pequena e aguerrida torcida a esquecer um pouco o gosto amargo da fase atual do clube no futebol. O Juventus, que ficou conhecido como Moleque Travesso na época em que incomodava os grandes paulistas, foi rebaixado novamente em 2013. Com isso, disputará a terceira divisão do estadual neste ano.

Cantina – Um dos endereços de culinária italiana da região com boa relação custo-benefício,o La Pergoletta surgiu em 2002 na cidadede Florianópolis pelas mãos do chef Elia Seganti. Três anos depois, a casa transferiu-se da capital catarinense para a paulista. O endereço no Tatuapé possui decoração em estilo rústico e um forno a lenha que produz as comidas servidas no salão, que abriga até 130 pessoas. Entre as massas que mais saem está o ravióli verde, com molho pomodoro (R$ 79,00, para duas pessoas). No almoço, são oferecidos pratos executivos a partir de R$ 19,90. O local também funciona como rotisseria.

Antônio Garcia - Cannoli
Antônio Garcia – Cannoli ()

Débora Nascimento – Nascida em Suzano, a atriz de pele morena e olhos verdes passou a infância na Zona Leste. Nasceu no Itaim Paulista e depois mudou-se com a família para a Vila Matilde, onde ia para a escola a pé e conhecia todos os vizinhos. “Frequentei muito o bairro do Tatuapé, principalmente a Praça Sílvio Romero. Quando criança, brincava mais em casa, mas adorava passear no Parque do Carmo com meu pai”, conta Débora. Ela iniciou a carreira de modelo ainda adolescente e, aos 18 anos, começou a estudar interpretação. Aos 28, a atriz já acumula papéis em novelas da TV Globo, como Paraíso Tropical, Duas Caras, Viver a Vida, Avenida Brasil e Flor do Caribe, que terminou em setembro. No cinema, participou de uma produção em Hollywood atuando em O Incrível Hulk, ao lado de Edward Norton.

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Daslu da ZL – O Espaço de Moda Carolina Faggion funciona em um galpão de fábrica. Conhecida como a “Daslu” da Zona Leste, é a principal butique de luxo da região. “Trabalhamos coma nata da nata, só roupas de passarela”, afirma a dona, Carolina Faggion. “Temos marcas exclusivas e fazemos consultorias para cada cliente. Fidelizamos 100% delas.” Entre as grifes vendidas, encontram-se nas araras Gloria Coelho, Zeferino e Adriana Degreas. As peças saem a partir de R$ 300,00 (short da John John) e chegam a R$ 3 500,00 (vestido da Printing). As clientes são recebidas com comidinhas e champanhe. “A maior parte mora perto, mas temos compradores da cidade toda”, diz Carolina.

Esquilo – Com uma área de 15 milhões de metros quadrados, o Parque do Carmo é o segundo maior de São Paulo. Uma das atrações de sua fauna são os caxinguelês, roedores da família dos esquilos. Esses dóceis animais gostam de frutas e sementes. Acostumados com os visitantes, aproximam-se das pessoas em busca de comida. Além deles, existe mais de uma centena de espécies, entre mamíferos, aves e répteis, como o lagarto florestal, também conhecido como papa-vento. A flora do local reúne 242 espécies, das quais nove estão ameaçadas de extinção, como a copaíba, o pau-brasil e as samambaiaçus. A vegetação conta ainda com o bosque de cerejeiras-deokinawa, que floresce em agosto. O parque fica na área da antiga fazenda do empresário Oscar Americano de Caldas Filho, da qual herdou um conjunto de lagos e o prédio de arquitetura colonial, onde hoje funciona a sede.

Fauna e flora – Surgido nos anos 70, o Parque do Piqueri nasceu no terreno de uma chácara que pertencia ao Conde Francisco Matarazzo. Em uma área de aproximadamente 97 200 metros quadrados, o local abriga 152 espécies de plantas — entre elas, alecrim-de-campinhas, grevílea-gigante, jatobá, magnólia-branca e pau-incenso. Cinco delas estão ameaçadas de extinção, como a grumixama e o pinheiro-do-paraná. Na fauna, são noventa variedades. Entre as 79 aves, destaque para as famílias de pica-paus, sabiás e papagaios. Dos mamíferos, o mais exótico é o ouriço-cacheiro.

Débora Nascimento
Débora Nascimento ()

Gigantes do consumo – Até o início da década de 90, a Zona Leste não tinha nenhum shopping. Hoje, reúne sete centros de compras. O maior deles é o Leste Aricanduva, com 545 lojas, incluindo dezesseis concessionárias de veículos e motos, três hipermercados e o câmpus da Uni Sant’Anna. Cerca de 4,5 milhões de pessoas passam pelo local mensalmente. O empreendimento mais recente da região é o Mooca Plaza Shopping, aberto em 2011. No momento, aproveitando o embaloda inauguração do Estádio do Corinthians no bairro, que será palco da abertura da Copa do Mundo de 2014, o vizinho Shopping Metrô Itaquera faz obras para dobrar de tamanho até 2015. O endereço vai ganhar mais 160 lojas, nova praça de alimentação e 800 vagas de estacionamento.

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Granulado gourmet – Criação das cunhadas Denise e Fernanda Pensutti, a casa oferece desde 2011 cerca de sessenta sabores de brigadeiro (R$ 3,50 a unidade). A vitrine é a prova de como se podem criar ótimas variações com uma receita simples. Entre outras versões disponíveis, destaque para as de capim-santo, nozes, tiramisu e zabaione com vinho marsala. Quem se encarrega das criações da Brigadeiro Dicunhada é Denise, enquanto Fernanda cuida da administração e atende os clientes. A doceria tem ainda carta de bolos caseiros, recheados, gelados e pão de mel. Em dezembro, oferece produtos especiais para o Natal.

Hambúrguer – Com decoração e trilha sonora roqueira, a lanchonete Cadillac Burger, do empresário José Américo, mais conhecido como Tatá, leva o cliente do bairro italiano da Mooca direto para Los Angeles. O ambiente é customizado com objetos da década de 60, como placas de carros, bonecos estilizados, tacos de beisebol e copos.“Temos várias peças vintage, com luz baixa e neon refletindo nas mesas tentando remeter o cliente para os Estados Unidos de antigamente”, explica Tatá. A cozinha serve nos sanduíches saborosas porções de 180 ou 220 gramas de carne no ponto pedido pelo cliente. As opções de acompanhamento são guacamole, mussarela de búfala, bacon e pimenta-preta. Entre as sobremesas, destaque absoluto para o milk-shake feito com sorvete artesanal italiano.

Imigração – Entre 1887 e 1978, a Hospedaria de Imigrantes abrigou estrangeiros de setenta nacionalidades que vieram tentar a sorte em São Paulo. Em 1993, o local passou a sediar o Museu da Imigração, que possui uma exposição permanente de documentos, fotos, vídeos, depoimentos e objetos do processo migratório dos séculos XIX e XX. O acervo também retrata os migrantes de estados brasileiros que foram acolhidos no local a partir da década de 30.

Jardim Anália Franco – O bairro do Tatuapé tem um bolsão residencial emergente, conhecido como os “Jardins da Zona Leste”. Trata-se do Jardim Anália Franco, que concentra prédios de alto padrão (alguns com o metro quadrado avaliado em 14 000 reais, valor compatível ao de regiões como Moema). O mercado imobiliário local foi um dos que mais cresceram nos últimos anos, tanto em lançamentos como em valorização. A expansão ajudou a atrair para lá uma boa rede de serviços, que hoje inclui lojas de moda e decoração, bancos, restaurantes e bares, entre outros. Um dos primeiros condomínios de luxo a surgir por ali foi a Mansão Anália Franco, na década de 80. O sucesso do empreendimento trouxe outros negócios do mesmo perfil. Comerciantes bem-sucedidos do pedaço são os principais compradores dos imóveis. A região conta ainda com um parque de 286 000 metros quadrados e um shopping com mais de 400 lojas.

JordãoTodo ajeitado, tem atmosfera de lounge de prédio com nome pomposo. Ombrelones espalhados pelas varandas criam sombra para disputados sofás curvos e mesas redondas de palhinha. Um público bem-arrumado está lá para uma bebericagem “classe A”, que começa na happy hour e se estende até… Entre os petiscos, o mix de bolinhos (R$ 33,90), nas versões carne-seca com mandioca, batata com catupiry e bacalhau, é boa pedida. Ainda nesse quesito do menu, a picanha fatiada e acebolada (R$ 58,90), que chega com vinagrete e pão francês, faz sucesso. Para beber, tem o chope Brahma (R$ 6,90 o claro e R$ 8,50 o black).

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Livros de estreante – A Patuá costuma publicar livros de bons autores, muitos deles estreantes, que ainda não têm espaço nas grandes editoras. O foco é a literatura brasileira contemporânea, nos gêneros poesia, conto, crônica e romance. Após selecionar as obras, a Patuá faz — gratuitamente para o escritor — revisão de texto, projeto gráfico, diagramação, ilustração, impressão e venda. A primeira edição de cada título sai com tiragem entre cinquenta e 200 exemplares, e as demais ganham mais 100 cópias por vez. Entre as publicações de destaque estão Vário Som, de Elisa Andrade Buzzo, finalista do Prêmio Jabuti de 2013, e Desnorteio, de Paula Fábrio, destaque do Prêmio São Paulo de Literatura deste ano. Os livros podem ser adquiridos no site da editora e custam a partir de R$ 19,90. Rua Lobato, 86, Sapopemba, telefone 2911-8156.

Moinho Santo Antônio – A imponente construção de parede de tijolos à mostra surgiu em 1910 para abrigar a indústria Grandes Moinhos Gamba. A empresa funcionou até os anos 60. O complexo arquitetônico ficou fechado até 1994, quando as portas de seus grandes salões foram abertas com a inauguração da casa noturna Moinho Santo Antônio, que encerrou suas atividades em 2000. Em seguida, o local passou a sediar a Moinho Eventos, sendo alugado para casamentos, formaturas e festas do gênero. Em fevereiro deste ano, a empresa também fechou. Um grupo de incorporadoras comprou o imóvel, mas enfrenta a oposição dos moradores da Mooca, que estão em campanha para transformar o lugar em um polo cultural para a região.

Norival Rizzo – O ator Norival Rizzo afastou-se somente por um ano do local onde nasceu e cresceu. Foi durante a década de 90, quando decidiu ir para a Vila Mariana. Ficou rapidamente arrependido da mudança e decidiu voltar à sua querida Vila Formosa, onde vivem a família e boa parte de seus amigos. “Sentia falta do pedaço”, conta o artista, de 62 anos. Após protagonizar mais de trinta peças, Rizzo viveu seu primeiro papel em uma novela da Rede Globo. Deu vida a Silvério em Sangue Bom, cujo último capítulo foi exibido no começo de novembro. “A projeção da televisão muda muito. As pessoas ficam olhando, param no supermercado e perguntam se sou eu mesmo”, diz. Com o fim da novela, que era gravada no Rio de Janeiro, o ator tem passado mais tempo em casa.

Oncologia infantil – A decoração colorida, o cineminha e os brinquedos espalhados pelos ambientes do ambulatório da Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer (Tucca), em Itaquera, é para lembrar aos pacientes que, embora estejam lutando pela vida, ainda é tempo de brincar. Fundada em 1998 e desde 2001 parceira do hospital filantrópico Santa Marcelina, a entidade tocada pelos médicos Sidneie Claudia Epelman oferece assistência a crianças e adolescentes carentes que precisam de tratamento oncológico. Em quinze anos de atividade no bairro, mais de 2 000 pessoas já foram atendidas, das quais 80% são da Zona Leste. Rua Santa Marcelina, 185. Doações podem ser feitas pelo telefone 0800 7704665 ou pelo e-mail tucca@tucca.org.br.

Orgânico – Em outubro, a farmacêutica Adriana Ferraz, de 37 anos, abriu na Mooca uma franquia da Nação Verde, uma rede especializada em produtos naturais e sustentáveis. Lá é possível encontrar cápsulas de emagrecimento, cremes hidratantes e até produtos de limpeza, todos fabricados sem derivados do petróleo. No endereço funciona também um restaurante. Por dia, uma carne entra como opção no self-service. O quilo custa R$ 35,00. “A região tem potencial para crescimento, por isso investi aqui”, diz Adriana.

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Panetone – A massa leve, a fermentação natural, o aroma inconfundível, a textura ideal e as frutas cristalizadas distribuídas na medida exata são a receita do sucesso do panetone fabricado há 74 anos pela confeitaria Di Cunto, na Mooca. A padaria foi aberta em 1935 pelos irmãos Vicente, Lorenzo, Roberto e Alfredo Di Cunto (até hoje o negócio continua controlado pela família, pelas mãos de executivos como o gerente de marketing Marco Alfredo Di Cunto Júnior e o diretor industrial Reinaldo Di Cunto). O panetone só começou a ser feito em 1939. Na Di Cunto, a iguaria de Natal vai para o forno o ano inteiro. Por mês, são feitos cerca de 2 000 quilos. A partir de novembro, a produção sobe para 80 000 quilos para atender a demanda da época. O mais vendido (com 90% das encomendas) ainda é o tradicional, com frutas cristalizadas e uvas-passas. Mas há opções com gotas de chocolate, nozes e uvas-passas, amêndoas e uvas-passas e zero açúcar. Os preços variam de R$ 17,50 a R$ 48,00.

Di Cunto - Mooca
Di Cunto – Mooca ()

Parque Industrial – Milhares de eletrodomésticos e calçados, toneladas de alimentos e litros de bebidas passaram a ser produzidos na Mooca no fim do século XIX. O bairro guarda parte da história da industrialização de São Paulo. Em 1892, foi fundada no pedaço a Cervejaria Bavária, adquirida em 1904 pela Companhia Antarctica Paulista. Empresas como a Companhia de Calçados Clark chegarama fabricar, no auge de sua atividade, cerca de 20 000 sapatos por mês, mas acabaram fechando as portas nos anos 50. A Companhia União dos Refinadores também operou na região até 2006. O endereço hoje é ocupado por um condomínio residencial. Da antiga refinaria, restou apenas a chaminé, tombada pelo patrimônio histórico. Entre as pioneiras do pedaço, a Arno, importante marcado mercado de eletrodomésticos fundada em 1940, e a Lorenzetti, líder do setor de duchas criada em 1922, ainda mantêm suas fábricas no bairro.

Pub – A Irlanda tem uma embaixada festiva e etílica no Tatuapé. Com oito torneiras de chope e setenta marcas de cerveja do mundo inteiro, o St. John’s, inaugurado em 2004, faz jus ao título de pub. O chope custa entre R$ 9,00 e R$ 21,00. E as cervejas, de R$ 8,00 a R$ 45,00. Da cozinha, saem opções como hambúrgueres (R$ 22,00 a R$ 26,00) e costela com barbecue (R$ 34,00). O movimento começa a esquentar na happy hour, mas pega fogo mesmo à noite, com a balada ao som de bandas ao vivo de rock, blues e pop. Entre uma dança e outra, quem quiser pode se distrair jogando dardos. O local até costuma realizar campeonatos. O público tem, em média, de 20 a 35 anos, mas cinquentões também frequentam o pedaço.

Bendito Quindim
Bendito Quindim ()

Quindim – O tradicional quindim que a doceira Cátia Farias Fantone, de 48 anos, costumava fazer para as festas de aniversário foi o responsável por salvar a família, há dois anos e meio, de uma crise financeira. Não é à toa que o negócio, inaugurado em 2011 no Tatuapé, ganhou o nome de Bendito Quindim. Por mês, só na loja da Zona Leste são vendidas cerca de 5 000 unidades do quitute, feito à base de gema de ovo, açúcar e coco ralado (em maio, o estabelecimento ganhou uma filial, na Vila Olímpia). Além do quindim tradicional, há mais catorze sabores da receita, entre os quais chocolate belga, pistache, damasco, maracujá e framboesa. A unidade custa R$ 3,50.

Rabino – Um ex-pastor evangélico que trocou o cristianismo pelo judaísmo já seria suficiente para chamar atenção. Não bastasse, esse religioso é negro, mora em um dos bairros mais pobres da Zona Leste e fundou por lá uma sinagoga. A trajetória de Marcos Moreira da Silva é mesmo muito singular. Há vinte anos, “traduziu” o nome para o hebraico. Hoje, só atende por Mordechai Moré. Em 2006, fundou em São Mateus o templo Beit Israel, que chegou a reunir cerca de 200 famílias. Há dois anos, porém, teve de deixar o espaço alugado. Mesmo sem uma sede fixa para a pregação, ele não desanimou. “Faço as reuniões hoje na casa das pessoas”, conta o rabino, de 46 anos.

Rabino Mordechai Moré
Rabino Mordechai Moré ()

Samba – A Zona Leste reivindica o título de maior berço do samba da capital. Na região, existem 32 agremiações, segundo levantamento do geógrafo Alessandro Dozena, em sua tese de doutorado “As territorialidades do samba na cidade de São Paulo”, apresentada à Universidade de São Paulo em 2009. Em 2014, a Zona Leste teve três representantes na elite do Carnaval – Leandro de Itaquera, Nenê de Vila Matilde e Acadêmicos do Tatuapé. Leandro de Itaquera. Rua Augusto Carlos Bauman, 588, Itaquera, telefone 2071-8379 (domingo,18h). Nenê de Vila Matilde, Júlio Rinaldi, 1, Vila Salete, telefone 2013-9757 (domingo, 19h30). Acadêmicos do Tatuapé. Rua Melo Peixoto, 1513, Tatuapé, telefone 2093-5117 (sábado, 19h30).

Sesc Belenzinho – Quando o sol arde na Zona Leste, muitas pessoas buscam abrigo nas seis piscinas do Sesc Belenzinho. Inaugurado há mais de três anos, o complexo de lazer, esporte e cultura é um refresco para famílias. Mas não apenas pelo espelho d’águade 2 000 metros quadrados. No esporte, pista de cooper, salas de ginásticas e quadra de futebol garantem atividades durante todos os dias da semana. A arte tem seu espaço com shows, exibição de filmes, oficinas, teatro e exposições como a mostra Gênesis, do fotógrafo Sebastião Salgado, que saiu de cartaz em 1º de dezembro.

Trem das Onze – A Rua dos Trilhos faz parte do caminho do músico Sérgio Rosa, morador do Jardim Anália Franco, para ir à casa de espetáculos Terra da Garoa, no centro, onde está em temporada às terças com o show de 70 anos do Demônios da Garoa. Foi na Mooca que nasceu o conjunto musical mais longevo do Brasil. Chamava-se Grupo Luar e começou com o pai de Sérgio, o músico Arnaldo Rosa, e alguns amigos. No repertório, até hoje executam Trem das Onze, de Adoniran Barbosa. O samba foi eleito, em 2000, por votação popular, a música que é a cara de São Paulo e, segundo Sérgio Rosa, foi gravada em dezenove idiomas. “Não tem igual na MPB. Vemos crianças de 6 anos cantando a letra”, diz o músico, que ingressou no grupo em 1981, após a morte do tio Cláudio Rosa. A banda já está em sua terceira geração: Ricardinho, de 25 anos, filho de Sérgio, entrou para a trupe há dez anos. O caçula, Sérgio Junior, de 16, toca percussão na banda de apoio. 

TOCO DANCE CLUB
TOCO DANCE CLUB ()

Toco Dance Club – Praça da Conquista, 509, Vila Matilde. Nesse endereço funcionou de 1972 a 1997 a lendária Toco Dance Club. Ela recebia por noite até 4 000 pessoas, que dançavam ao som de disco music. Atualmente, os saudosistas podem reviver os velhos tempos três vezes por ano nas festas dedicadas à casa realizadas no Cabral, no Tatuapé. Um dos organizadores do evento é o DJ Cadico, de 49 anos, que trabalhou na Toco e herdou de lá 8 000 discos.

Ucrânia – A missa de domingo, às 10h, na Igreja Nossa Senhora da Glória, na Vila Bela, é realizada no rito greco-católico ucraniano. Atualmente, não mais do que vinte famílias frequentam o serviço religioso. Nos anos 60, eram oitenta. “A mobilidade social espalhou a comunidade pela capital”, explica André Kuchar, membro da Sociedade Ucraniana-Brasileira. Assim como lituanos, russos, croatas, húngaros e búlgaros que se instalaram no bairro vizinho da Vila Zelina, os primeiros ucranianos fixaram residência naquela região da Zona Leste no fim dos anos 20. Depois disso, novos imigrantes chegaram ao pedaço. Hoje, boa parte deles se reúne mensalmente na Feira do Leste Europeu, com artesanato e gastronomia típicos. A próxima, especial de Dia das Mães, acontecerá em 4 de maio. Igreja Nossa Senhora da Glória.

Vila Maria Zélia – Diariamente, estudantes de arquitetura e de engenharia de várias partes do Brasil vão à região do Belenzinho para uma aula a céu aberto na Vila Maria Zélia. O primeiro bolsão operário do Brasil, erguido entre 1911 e 1916 pelo industrial Jorge Street ao redor de sua Companhia Nacional de Tecidos de Juta, ainda é uma referência não apenas no país, mas também no exterior. A minicidade de estilo europeu, com capela, açougue, armazém e escolas, além de 171 casas, ainda existe, mas alguns prédios estão em ruínas. Os imóveis foram tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) entre 1985 e 1992, e a associação de moradores luta para a revitalização do pequeno bairro, onde residem atualmente cerca de 600 pessoas. Responsável por receber os visitantes na Vila, Edélcio Pereira Pinto vive até hoje na casa onde nasceu, há 64 anos. “Felizmente, a violência ainda não chegou por aqui”, diz. As visitas guiadas e gratuitas devem ser agendadas pelo e-mail: edelciovmz@gmail.com.

Xadrez – Reis, damas, bispos, cavalos, torres e peões movimentam-se diariamente no CEU Alto Alegre, no Jardim da Laranjeira, em São Mateus. No Clube de Xadrez, fundado em 2011 no complexo educacional, cerca de 150 aprendizes passam por dia pelo local na tentativa de dar um xeque-mate, melhorar suas estratégias de jogo e capacidade de concentração. Além de estudantes da própria unidade, a escola, comandada pelo professor de educação física Antônio Courel Filho, de 52 anos, recebe pessoas do bairro a partirdos 4 anos. O lugar fica aberto de segunda a sexta, das 8h às 16h30.

Zanoni Ferrite – Desde sua inauguração, em abril de 2010, o Teatro Zanoni Ferrite vem ajudando a mudar os hábitos culturais na Vila Formosa. Graças a esse espaço, peças e shows musicais entraram no roteiro de lazer da população do bairro. Não há sessão que fique vazia. Os ingressos custam entre R$ 5,00 e R$ 20,00. Até 20 de abril está em cartaz o espetáculo infantil As Notas de Luiza, com apresentações aos sábados e domingos, às 16h. Para os adultos, a opção é a montagem A Viúva e o Caixeiro, que também fica em cartaz até o dia 20, de sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h.

Zona Leste Depressiva – As agruras de viver na periferia são narradas de forma bem-humorada na página de humor Zona Leste Depressiva. Criada no Facebook em 2012 pelo assistente de recursos humanos Danilo de Souza, de 28 anos, a comunidade reúne mais de 83 000 fãs. O sufoco do transporte público, o dinheiro curto no fim do mês, as enchentes e outros problemas viram piada. “É a nossa realidade de um modo divertido”, define Danilo, que costuma receber muitas fotos, vídeos e sugestões dos internautas para o espaço.

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