“Jogos Vorazes”: violência explícita e reality show
Filme com estreia mundial em 23 de março quer herdar de “Crepúsculo” o posto de franquia de sucesso entre os adolescentes
Seguindo os passos de séries de sucesso como “Harry Potter” e “Crepúsculo”, “Jogos Vorazes” sai das páginas dos livros e chega aos cinemas, sob direção de Gary Ross. A estreia mundial está marcada para o próximo dia 23, em meio a ansiedade dos fãs, principalmente nos Estados Unidos. As semelhanças entre as franquias, no entanto, param por aí.
Esqueça os bruxos inofensivos ou os vampiros que brilham no sol. Pouco conhecida no Brasil, a série escrita por Suzan Collins apresenta um futuro distante, pós-apocalíptico, em que a fome impera e a violência foi banalizada. Nessa realidade, o mundo, dividido em distritos, vive na mais completa miséria e deve tributos à Capital. Esta, que muito lembra os tempos de opulência e hedonismo do Império Romano, é responsável por distribuir suprimentos aos distritos em troca de tributos.
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Como na lenda de Teseu, que penetra no labirinto do Minotauro, os tributos devidos pelos distritos são jovens, de 12 a 18 anos, obrigados a entrar numa arena e digladiar até a morte. A diferença da Antiguidade para esse futuro hipotético é que agora esses jogos – que dão nome ao filme – são televisionados à maneira de um reality show.
A despeito da violência explícita (ou por causa dela), o primeiro livro da série – são três ao todo – já vendeu mais de 13 milhões de exemplares nos EUA. No Brasil, a vendagem ainda continua tímida, cerca de 80 mil. A Editora Rocco, que publica a obra, aposta no lançamento da história nos cinemas para turbinar as vendas.
Se o livro reflete a banalização da violência e a sua exploração pelos meios de comunicação, através da protagonista Katniss Everdeeen, o filme, protagonizado por Jennifer Lawrence (de “X-Men: Primeira Classe” e “Inverno da Alma”), falha em não abordar criticamente a chacina de jovens em nome da sobrevivência, mas sobretudo, da audiência. Mais do que tratada com naturalidade, a violência em “Jogos Vorazes” passa por um processo de espetacularização. O resultado não é um sucesso unânime e já está no alvo dos censores: no Reino Unido, a classificação indicativa do filme está sob revisão – originalmente, “Jogos Vorazes” estava indicado para maiores de 13 anos – devido às cenas mais agressivas e sanguinolentas.
Se a moda vai pegar por aqui, ainda não se sabe, mas a Lionsgate, que produz a série, investe pesado para conseguir um novo hit: estão previstos mais três filmes, que devem ser lançados até 2015 sendo que o próximo título, “Em Chamas”, está programado para ser lançado em novembro do ano que vem.