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Reajuste de preço e sumiço de talões da Zona Azul irritam motoristas

Usuários do sistema de estacionamento rotativo ainda enfrentam dificuldades como tecnologia ultrapassada e mercado negro

Por Jussara Soares
Atualizado em 5 dez 2016, 14h11 - Publicado em 15 ago 2014, 23h00

Com uma frota registrada de 7 milhões de veículos, São Paulo não reserva apenas os gigantescos congestionamentos como drama aos motoristas. Na hora de estacionar, os paulistanos também enfrentam percalços, seja para encontrar um lugar disponível, seja para manobrar as particularidades do sistema da Zona Azul, operado pela prefeitura.

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Neste mês, o reajuste do bilhete (de 3 para 5 reais), que dá direito a uma hora em uma das 39 000 vagas ao longo das guias, acendeu o alerta sobre a qualidade do serviço, criado em 1974. O aumento de 67% corresponde ao dobro da inflação no período de outubro de 2009 (quando a folha passou de 1,80 para 3 reais) a junho deste ano.

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A medida entrou em vigor em1º de agosto, mas a entrega dos 65 000 talões com o novo preço atrasou uma semana. Como os antigos haviam se esgotado na semana anterior, não foi possível comprar tíquetes até o dia 8, quando a situação se normalizou. Durante esse período, só quem já tinha um estoque no carro pôde parar de forma regular — as multas, no entanto, continuaram sendo aplicadas, o que revoltou motoristas. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) analisará os recursos e abonará infrações, dependendo da situação.

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O sumiço recente foi o episódio mais agudo de um problema crônico. Nem sempre é simples encontrar um vendedor nas redondezas da vaga escolhida. E mesmo quem se esforça para comprar o talão em um dos 2 012 postos autorizados na capital pode quebrar a cara.

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Na última terça (12), por exemplo, a placa na banca de jornal da esquina das ruas Barão de Capanema e Padre João Manuel, nos Jardins, o único ponto oficial de todo o quarteirão, informava “Aqui tem talão Zona Azul”.  Mas isso não se verificava na prática. “Teoricamente era para ter, mas acabou há dois dias e não chegou mais”, explicou o vendedor Silvio Alves.

Se não tem como comprar pelas vias tradicionais, o motorista acaba sendo obrigado a apelar para o mercado negro, invariavelmente presente e com talões disponíveis, porém mais caros. “É muito complicado achar um local de venda e, para não ter de ficar procurando a pé por aí, acabo recorrendo a um dos flanelinhas próximos”, admite o gerente comercial Gilvan Oliveira, que estaciona diariamente na Rua Oscar Freire e vem pagando  6 reais pela folha, 20% a mais que o preço de tabela.

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A questão é que boa parte dos cartões que circulam nas mãos dos ambulantes é falsa. Há duas semanas, 2 192 bilhetes clonados foram apreendidos em uma casa lotérica no centro. Numa tentativa de coibir a pirataria, os novos talões passaram a incluir a tecnologia QR Code. “Por meio de um smartphone, o usuário pode verificar se adquiriu um produto regularizado”, diz o supervisor de vendas e estudos da Zona Azul, Jurandir Marinho. Trata-se de um avanço, ainda considerado insuficiente. “A Zona Azul favorece o comércio ilegal e a falsificação ao não adotar tecnologias mais modernas”, diz o consultor em transportes Flamínio Fichmann.

 

Os motoristas reclamam do obsoleto sistema de preenchimento das folhas. “É ultrapassado; ainda preciso ficar usando papel e caneta”, diz a fisioterapeuta Helen Henrique, que costuma estacionar na região da Avenida Professor Alfonso Bovero, nas Perdizes. Além disso, o uso correto do bilhete precisa ser conferido manualmente por 1 854 agentes da CET.

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Apontados como o equipamento que pode trazer modernidade à área, os parquímetros eletrônicos, que cobram só pelo tempo utilizado e aceitam pagamento com cartões de débito e crédito, ainda estão longe da realidade de São Paulo. Em janeiro, a prefeitura prometeu lançar um edital de licitação até o fim do primeiro semestre para adquirir 2 000 aparelhos desse tipo. Não o publicou nem deu novo prazo para que isso ocorra. A CET alega que a implantação está “em fase de estudo” e que a criação do programa de ciclovias levou o projeto a ser reavaliado. “Mas um sistema desses nem deveria ficar a cargo da prefeitura. Poderia perfeitamente ser operado por meio de uma concessão privada”, acredita o consultor de engenharia urbana Luiz Célio Bottura.

No vermelho

As principais queixas contra o sistema rotativo

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  • Há quantidade insuficiente de postos oficiais, e a divulgação dos endereços é considerada ineficiente

 

  •  Flanelinhas e comerciantes descredenciados chegam a vender as folhas por até 10 reais, o dobro do valor de tabela

 

  •  Os bilhetes de papel, preenchidos a caneta, são facilmente clonados

 

  • A fiscalização ainda é realizada manualmente por agentes da CET

 

  •  O sistema, que não se adaptou às novas tecnologias, tornou-se ultrapassado: parquímetros poderiam cobrar valores diferentes por tempo, região e aceitar pagamento com cartão
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