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Ocupação do prédio do Banco Santos mexe com rotina do Jardim Paulistano

Situado na esquina das ruas Iraci e Hungria, prédio avaliado em 18 milhões de reais hoje abriga 178 sem tetos

Por Adriana Farias
Atualizado em 1 jun 2017, 16h52 - Publicado em 9 Maio 2015, 00h00

Com vista para o Jockey Club e localizado em uma das regiões mais nobres da capital, um edifício de doze andares, avaliado em 18 milhões de reais, estava sendo reformado para se tornar um empreendimento de escritórios do Banco Santos. As obras pararam há dez anos, em meio à crise que culminou na falência do negócio. Há três meses, esse edifício desocupado, situado na esquina das ruas Iraci e Hungria, ao lado da Marginal Pinheiros, foi invadido por um grupo de sem teto. Atualmente, 178 pessoas vivem por lá.

“Em 26 anos morando em ocupações, esta é a melhor em que eu já fiquei”, elogia a artesã Indaia Marina Ramos dos Santos, de 43 anos, que mora no local com o marido e dois filhos. Entre outras coisas, ela gosta da proximidade do endereço com estações de trem e de metrô. Com renda mensal média de 1 800 reais, a família tem dificuldade em encontrar algum imóvel para alugar na capital. “Está tudo na faixa de 800, 1 000 reais… Não dá”, justifica Indaia.

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Ela e boa parte das outras famílias pagam apenas uma mensalidade de 100 reais para ficar no imóvel do Jardim Paulistano. O dinheiro vai para despesas como a manutenção da portaria, que funciona no sistema 24 horas. “Gente de fora só entra assinando um livro de registros e informando os números de RG e telefone”, afirma Eva Lucia Gonçalves, uma das integrantes do Movimento Terra Livre, responsável pela ocupação. Em sua maioria, as pessoas chegaram ali depois de ser despejadas de outra área, na Barra Funda.

Ocupam atualmente apenas cinco dos doze andares do prédio. Como o local não estava pronto na época da decretação da falência, há muito entulho, sujeira, cacos de vidro, janelas, fios e canos de ferro expostos — daí a decisão de fechar vários pavimentos, por motivo de segurança. “Mas estamos trabalhando para arrumar tudo, pois existe uma lista de espera de cinquenta pessoas”, afirma Eva.

Num primeiro instante, o movimento deixou em estado de alerta proprietários de casas da Rua Iraci, onde o metro quadrado residencial custa aproximadamente 7 000 reais, um dos mais altos valores de mercado da metrópole. “A gente sempre vê esse tipo de coisa pela televisão e nunca imagina que vai acontecer na sua porta”, lembra o consultor Marinho Teixeira, de 40 anos. Aos poucos, a desconfiança diminuiu. Ele já chegou a doar brinquedos de sua filha a crianças da ocupação. “O único problema que tivemos até agora foi quando os ocupantes chamaram uma moçada de fora para pichar o prédio e sentimos cheiro de maconha”, completa.

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Outros moradores também se dirigiram ao local para dar dicas de saúde. “Fomos alertálos sobre a questão da água parada, para evitar os focos da dengue”, diz o aposentado Torben Carlsen, de 66 anos. “Nos fins de semana, eles fazem mais barulho, mas em geral a relação é muito tranquila”, relata a administradora de empresas aposentada Marcia Regina, de 67 anos.

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Segundo o administrador da massa falida do Banco Santos, o advogado João Carlos Silveira, o edifício deve ir a leilão para pagar aos credores. “Depois da invasão, entramos com um pedido de reintegração de posse”, afirma. Até quinta-feira da semana passada (7), porém, o processo ainda estava parado. Ocupantes do prédio como a diarista Gesley Machado, de 36 anos, que vive ali com sete filhos, torcem para o negócio arrastar-se por muito mais tempo. “Aqui é um bairro muito tranquilo e agradável”, diz Gesley.

invasão prédio banco santos
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