Avatar do usuário logado
Usuário
OLÁ, Usuário
Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br

“Nunca fiz uma obra inédita”, diz Waltercio Caldas, que abre mostra em SP

'Os Espelhos', na Galeria Raquel Arnaud, tem trabalhos de 1967 a 2025 do artista carioca, que refletem sobre a imagem

Por Ana Mércia Brandão
Atualizado em 14 ago 2025, 15h32 - Publicado em 14 ago 2025, 15h31
waltercio-caldas
Waltercio com uma das obras em cartaz: reflexão sobre a imagem (Masao Goto Filho/Veja SP)
Continua após publicidade

Quando a reportagem de Vejinha encontrou Waltercio Caldas, 78, na montagem de sua nova exposição, na segunda (11), ele havia terminado de montar a primeira escultura em cartaz. O artista, baseado no Rio de Janeiro, acompanha a montagem de todas as suas exposições e, desta vez, em que exibe Os Espelhos — aberta nesta quinta (14) na Galeria Raquel Arnaud — não foi diferente. “Gosto de projetar, equacionar, estabelecer uma harmonia entre as partes, fazer uma relação entre as obras. Para mim, a montagem da exposição é a continuação do trabalho. Afinal de contas, meu material é o espaço. Então, a montagem não é simplesmente botar uma obra no espaço, é modificá-lo com a obra”, explica.

waltercio-caldas-raquel-arnaud
Obra de 2023 (Jaime Acioli/Divulgação)

Planejada por um ano e meio, a mostra é composta por 26 obras, algumas de seus primeiros anos de carreira. A mais antiga é de 1967, mas há outras realizadas em 2025 e nunca exibidas. Apesar disso, o artista diz que não são obras inéditas. “Nunca fiz uma obra inédita. Toda obra é a continuação de uma outra anterior”, explica. “A questão não é o ineditismo, é como cada uma, que começa agora, trabalha junto com as outras que foram feitas anteriormente a ela.” Nesse caso, as esculturas separadas por quase seis décadas se unem no espaço expositivo da galeria na Vila Madalena para provocar uma reflexão sobre o funcionamento dos espelhos e a relação que o ser humano tem com a própria imagem. “Como um objeto tão natural, tão simples, tão comum como o espelho pode motivar situações espaciais das mais diversas. Não tem um espelho igual ao outro na exposição ou algum que performa a ideia de espelho como estamos acostumados a ver”, diz o artista, que tem um de seus famosos espelhos na coleção do Museum of Modern Art de Nova York (MoMA).

waltercio-caldas-estacao-de-transito-maquete
‘Estação de trânsito’ (1967): pontapé inicial (Jaime Acioli/Divulgação)

Uma das obras da exposição — Estação de Trânsito (1967) — é uma maquete. “É, em si, uma espécie de espelho de dimensões, uma coisa pequena que reflete uma coisa muito grande”, define Waltercio. Foi a partir dela que o artista enxergou o espelho como objeto para sua produção. “Essa exposição é como uma conversa entre espelhos, e os intrusos somos nós. Eles estão lá conversando e cada um fala uma língua diferente.” Esses objetos, então, aparecem metamorfoseados em diferentes cores e suportes.

Continua após a publicidade

Waltercio começou sua carreira como aluno de Ivan Serpa, em 1964, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ). Também autor de desenhos, gravuras e colagens, foi coeditor da revista Malasartes na década de 1970, que marcou época por seu caráter crítico e tom irreverente. A sua primeira individual, no MAM-RJ, aconteceu, coincidentemente, no ano em que a Galeria Raquel Arnaud abriu, em 1973. “O Waltercio é uma referência de linguagem, de estética e de identidade que foi construída junto com a nossa trajetória. A sutileza, a leve za, a simplicidade e a geometria minimalista que o Waltercio traz no trabalho dele é de uma coerência até difícil de colocar em pala vras”, diz Myra Arnaud Babenco, à frente da galeria ao lado da mãe. Hoje um nome fundamental da arte contemporânea, Waltercio é representado pela galeria desde que era um artista emergente, em 1982.

O artista carioca cita o pintor e escultor espanhol Pablo Picasso (1881-1973) para explicar seu processo criativo: “A inspiração me visita, mas, sempre que ela aparece, me encontra trabalhando”. Com seis décadas de trabalho a todo vapor, Waltercio já planeja as próximas exposições. No ano que vem, deve retornar a São Paulo para uma mostra no Museu de Arte Moderna. “É um recorte curatorial usando apenas trabalhos nos quais eu utilizei palavras”, adianta, pronto para transformar mais esse espaço com suas obras. ■

Galeria Raquel Arnaud. Rua Fidalga, 125, Vila Madalena, ☎3083 6322. → Seg. a sex., 11h/19h. Sáb., 11h/15h. Grátis. Até 11/10.

Continua após a publicidade

Publicado em VEJA São Paulo de 15 de agosto de 2025, edição nº 2957.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
15 marcas que você confia. Uma assinatura que vale por todas
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe mensalmente Veja São Paulo* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Assinantes da cidade do SP

A partir de R$ 39,99/mês