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“A garotada deve se alimentar do melhor que a arte pode oferecer”

Para o autor de teatro infantil e fundador da Cia. Vagalum Tum Tum Ângelo Brandini, os espetáculos caça-níqueis tratam as crianças como cidadãos de segunda classe

Por Ângelo Brandini
Atualizado em 5 dez 2016, 12h33 - Publicado em 24 abr 2015, 16h51

Todo mundo sabe da importância de uma alimentação saudável para as crianças e jovens. Ela traz benefícios para a saúde e determina o bom funcionamento do organismo para o resto de nossas vidas. Porém, todo mundo sabe também que a oferta de alimentos saudáveis costuma ficar bem abaixo do desejável.

Agora vamos ampliar o conceito de alimentação para as crianças e jovens para além do que se come, incluindo tudo aquilo que de alguma forma é absorvido por esta faixa etária e que influenciará não apenas na saúde física, mas também na forma com que o indivíduo se relacionará com o mundo.

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Neste exercício de ampliação do conceito de alimentação, consideremos o teatro para este público como um item importante do cardápio: todo mundo sabe da importância do contato das crianças com a arte em geral e com o teatro especificamente, mas será que é possível distinguir o bom teatro daquele que é feito por motivações meramente oportunistas, os chamados caça-níqueis?  Receio que não…

Tenho viajado por todo o Brasil com a minha companhia de teatro e tenho tido a oportunidade de encontrar pelo caminho muitas dessas produções feitas com o claro intuito de “descolar uma graninha”, sem o menor respeito à inteligência das crianças, considerando-as como cidadãos de segunda classe a quem se pode oferecer qualquer coisa açucarada sem se preocupar que estão se apresentando a pessoas em formação e que merecem (e precisam) se alimentar do melhor que a arte pode oferecer.

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Geralmente usa-se personagens da televisão que estão fazendo sucesso entre as crianças e, claro, sem a devida licença dos criadores. Descaradamente eles reproduzem de forma muito tosca o que já está disponível nas telinhas com muito mais eficiência e qualidade. Quer exemplos? Atualmente proliferam as montagens com a personagem Peppa Pig e princesas do filme Frozen, interpretadas como cópias mal feitas por artistas sem nenhum preparo técnico. 

O que resulta deste tipo de produção são espetáculos – se é que podemos chamá-los assim – que carecem de rigor artístico: atores ruins e mal dirigidos, iluminação pífia, musicas mal feitas e com péssima execução, cenários e figurinos muito mal ajambrados. Provavelmente teremos crianças que irão odiar teatro quando crescerem.

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A cidade de São Paulo tem assistido nos últimos anos a um enorme salto de qualidade nas produções de teatro para crianças e jovens. Várias companhias atingiram um alto grau de excelência artística, o que deveria obrigar a todos que atuam na área a ter mais cuidado na hora de produzir um espetáculo. Mas, por incrível que pareça, tem gente que ainda não se deu conta e continua menosprezando a inteligência dos pequenos. Por isso, quando for escolher uma peça de teatro para levar uma criança, faça-o como se estivesse escolhendo um alimento, com a vantagem de que os alimentos saudáveis ainda são mais caros que os outros, mas no teatro esta premissa não é verdadeira.

Ângelo Brandini é autor de teatro infantil e fundador e diretor da Cia. Vagalum Tum Tum, especializada em adaptar Shakespeare para crianças.

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