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Pouco divulgada, a peça ‘A Noite das Tríbades’ merece ser vista

A comédia dramática traz ótimo elenco, contando com Norival Rizzo como pilar na montagem

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 16h20 - Publicado em 7 fev 2013, 16h52

Na virada de setembro para outubro passado, a comédia dramática A Noite das Tríbades fez oito sessões no Sesc Bom Retiro. Apresentado em um festival dedicado ao dramaturgo August Strindberg (1849-1912), o texto escrito em 1975 pelo também sueco Per Olov Enquist tem os atores Clara Carvalho, Norival Rizzo, Nicole Cordery e Daniel Volpi sob direção de Malú Bazan e coordenação-geral de Eduardo Tolentino de Araújo. De nada adiantou a ficha técnica expressiva. Quase ninguém viu. O espetáculo voltou — mais uma vez escondido— na mostra Repertório de Verão do Grupo Tapa, no Viga Espaço Cênico. Na sessão de 1º de fevereiro, a plateia ficou longe da lotação. Uma pena: o público não sabe que está perdendo uma joia, e os produtores, por sua vez, deveriam reservar uma vitrine melhor para a montagem.

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Em uma noite de 1889, quatro artistas se reúnem para ensaiar a peça A Mais Forte, de Strindberg. Entre eles, o próprio dramaturgo (interpretado por Rizzo), que criou a história para a ex-mulher, Siri (papel de Clara). Ela está envolvida com a atriz homossexual Marie Caroline (vivida por Nicole). O jovem ator Viggo Schiwe (representado por Volpi) completa o grupo. A ironia cede espaço ao ressentimento, e a ficção se funde com a realidade quando a relação fracassada do casal vira o centro da ação, ainda mais diante do pivô da separação.

Malú Bazan, seguindo a escola de Tolentino, apoiou-se na dramaturgia e nos intérpretes. O grande alcance do texto se dá pela discussão do papel da mulher na sociedade. Tanto faz se no fim do século XIX, na década de 70 ou nos dias atuais, o tema ganha contornos de uma provocação. Entre o trágico e o cômico, Norival Rizzo é o pilar da montagem, valorizando cada fala. Clara afasta-se da imagem dócil para alternar nuances e destacar a sensualidade. A beleza discreta de Nicole, reforçada pelo figurino, destoa da descrição feita a todo momento pelo personagem de Rizzo, mas possibilita leitura diferente para o público. Até que ponto o homem amargo não deprecia a imagem da rival e finge não enxergar a verdade? Volpi, em um papel pequeno, aproveita o espaço e conquista pontos diante das deixas oferecidas por Rizzo e Clara. Com esse elenco homogêneo, o texto cresce a cada instante e não precisa de mais artifícios. Somente dos aplausos dos espectadores.

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