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Guti Fraga: “Quero levar o Nós do Morro para os CEUs de São Paulo”

Grupo carioca apresenta<em> Bandeira de Retalhos</em> na Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo

Por Bruno Machado
Atualizado em 5 dez 2016, 16h09 - Publicado em 10 abr 2013, 19h35

Em 1986, o ator e jornalista Guti Fraga criou no Morro do Vidigal o grupo Nós do Morro. Desde então, o projeto tem mudado a paisagem cultural do lugar por meio de cursos de teatro e cinema, entre outras iniciativas que já atingiram, calcula-se, cerca de onze mil pessoas. Nas artes cênicas, o grupo revelou, entre outros, Thiago Martins e Roberta Rodrigues que atualmente integram respectivamente o elenco das novelas Flor do Caribe e Salve Jorge, da Rede Globo. Tiago Barbosa, que hoje brilha como Simba na superprodução O Rei Leão, começou sua carreira no mesmo grupo, do qual foi preparador vocal.

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Após uma curta temporada no Teatro Augusta em agosto do ano passado, o grupo carioca apresenta Bandeira de Retalhos na programação da Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo, que ocupa o Centro Cultural São Paulo a partir de terça (16). O espetáculo, inspirado em fatos reais, recria a tentativa de desocupação do Morro do Vidigal, promovida pelo governo em 1977. Com o apoio da igreja e da imprensa, a população local resistiu e consolidou a ocupação, iniciada trinta anos antes.  “A peça é como um grito de socorro. É nosso grito social pelos nossos direitos, pela nossa igualdade”, afirma Tiago Barbosa, que entreou para o grupo como preparador vocal e acabou como assistente de direção. “As pessoas acham que não existe cultura na periferia, mas o Nós do Morro faz questão de lutar para que isso não seja verdade. Nós lutamos para que as pessoas possam sonhar com um futuro melhor.”

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A seguir,  o diretor Guti Fraga fala mais sobre o espetáculo, a expectativa de apresentar o trabalho na Mostra e a vontade de fazer uma temporada nos CEUs da capital paulista.

VEJA SÃO PAULO — Como surgiu a ideia de encenar Bandeira de Retalhos?

GUTI FRAGA – O texto é de Sérgio Ricardo, que vivia no Vidigal na época em que houve a tentativa de desocupá-lo. Ele o escreveu no calor daquele momento, inicialmente como um roteiro de cinema. Há muito tempo eu queria homenageá-lo e acho que o momento chegou. A direção musical do espetáculo também é dele.

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Qual é a dificuldade de tornar atual um texto escrito no final dos anos 1970? Nenhuma, para falar a verdade. O texto continua atual, pois hoje há uma outra tentativa de desocupação do Vidigal, por conta da especulação imobiliária. O morro tem uma das vistas mais bonitas do Rio de Janeiro. O resultado é que hoje você não encontra lá um barraco com aluguel por menos de R$ 500,00. O espetáculo é universal, atinge um público bastante heterogêneo, pois trabalha com linguagens diversas, inclusive a música.

O grupo pretende fazer uma temporada do espetáculo em São Paulo?  Ainda estamos estudando essa possibilidade, mas sem dúvida temos muita vontade. São Paulo é como uma segunda casa para nós. O que eu gostaria muito é de apresentar Bandeira de Retalhos dentro dos CEUs. Acho fundamental levar teatro para quem não tem acesso.

Qual é a importância de apresentar o trabalho na Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo? O mais interessante é a troca de experiências que um evento como este proporciona. Aprendemos muito com o processo de outros grupos. Vejo que isso é bastante frequente na Europa, mas na América Latina ainda carecemos de aproximação entre companhias teatrais. A arte tem o poder de unir os povos, independente da política de cada país.

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