Igreja une pregação dos evangelhos com shows de heavy metal
Entidade evangélica no Alto do Ipiranga, Crash Church tem cultos aos domingos
Em 1996, a artesã Ana Batista, então integrante do movimento Terrorista Punk, invadiu uma igreja evangélica no centro armada de soco inglês e punhal. “Eu odiava religião, queria impedir o trabalho”, diz. Sua intenção era agredir o pastor Antonio Carlos Batista (nenhum parentesco), responsável por fundir rock e cristianismo em cultos no local.
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Após assistir a um trecho da pregação, no entanto, ela desistiu do plano e converteu-se: quatro meses depois, seria batizada ali mesmo. “Hoje sou uma serva de Deus.” Ana virou uma das mais fervorosas fiéis da Crash Church, conhecida como “a igreja heavy metal”. Instalado atualmente na Rua Marquês de Olinda, no Alto do Ipiranga, o lugar tem fachada negra que em nada lembra a de um refúgio eclesiástico.
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Todo domingo, às 17 horas, cerca de 100 seguidores vestidos com camisetas pretas, botas e acessórios de couro reúnem-se para ouvir orações e um som pauleira. Além de leituras do evangelho, em um púlpito decorado por tachinhas, o espaço abriga apresentações de bandas de white metal, cujos riffs pesados de guitarra embalam letras de temática cristã. Os versos incluem trechos da Bíblia, condenações ao álcool e às drogas ou manifestações como “vá para o abismo, Satã derrotado”.
Nesses momentos, os devotos se congregam, agitando a cabeça ao ritmo das canções. Criado em um lar evangélico, Batista fundou a Crash Church em 1998, após liderar uma dissidência de integrantes da Igreja Renascer em Cristo. Àquela altura, ainda não era adepto do metal. “Recebi um chamado de Deus, pedindo minha ajuda para converter os roqueiros”, conta. Hoje, aos 49 anos, enverga o visual icônico do estilo, com cabelo comprido, tatuagens e piercings espalhados pelo corpo.
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Para bancar os 2 400 reais do aluguel e das contas fixas da sede de 200 metros quadrados, depende das doações voluntárias dos fiéis. O dinheiro também custeia as turnês da banda oficial do templo, a Antidemon, da qual ele é vocalista. A trupe já visitou cerca de trinta países e, em julho, inicia nova turnê. Uma das escalas será em Cuba, que até pouco tempo mantinha fortes restrições ao cristianismo. “Recebo cartas de muitos fãs da ilha”, diz o pastor heavy.