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“Em SP, 43% furaram a quarentena para transar”, diz diretora da Sexlog

A plataforma de Mayumi Sato entrevistou 2 000 usuários paulistanos. Ela fala do aumento de swings, surubas e da cautela maior para o primeiro encontro

Por Pedro Carvalho
Atualizado em 9 out 2020, 08h30 - Publicado em 9 out 2020, 06h00

A pesquisa (feita a pedido de VEJA SÃO PAULO) revela que 43% dos paulistanos entrevistados furaram a quarentena para fazer sexo. Achou o índice alto?

No início da pandemia, o consumo de pornografia on-line e o acesso a redes sociais de sexo dispararam. As pessoas usaram a internet para compensar a falta de sexo real. Com o passar dos meses, elas perceberam que a quarentena não seria tão breve quanto imaginavam e resolveram se adaptar. Então a audiência on-line caiu e, pelo que indica a pesquisa, os paulistanos voltaram a se encontrar. Fala-se muito em sexo virtual, mas a interação on-line não supriria a falta de sexo real.

Que outras mudanças de comportamento aconteceram na plataforma (que tem 13 milhões de usuários no país) durante a quarentena?

Aumentou o número de dias em que as pessoas estão dispostas a conversar on-line antes de ter um encontro. Nosso pico de acesso era na segunda e na terça, porque os usuários queriam marcar encontros naquela mesma semana. Agora, os acessos são iguais em todos os dias. Estão levando duas ou três semanas para marcar um encontro. Acho positivo, faz a gente ter mais cautela. No Brasil, o pessoal costuma ser mais apressado que no exterior. Digo até por experiência pessoal.

Quais experiências? Onde?

Principalmente nos Estados Unidos e na Espanha. Mas, mundo afora, eu achei muito estranho quando comecei a usar aplicativos de paquera. Aqui no Brasil, se você não tem nenhum compromisso, já quer marcar o encontro para daqui a dois dias, amanhã no máximo… Ou: “O que você está fazendo agora?” (risos). E no exterior causa estranheza fazer uma proposta dessas.

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Um número expressivo de paulistanos afirma ter realizado fantasias na quarentena que envolvem encontros coletivos (ménage: 22%; swing: 6,4%; suruba: 5,1%; gang bang: 2,8%). Que análise faz desses números?

No nicho da plataforma, era normal ter ainda mais usuários realizando fantasias. Agora vemos que a maioria (59,6%) não realizou nenhum fetiche. Para mim, significa que também tem gente segurando a onda.

Para 34,5% dos paulistanos entrevistados, o sexo piorou na quarentena. Para 15,5%, melhorou. Como a pandemia afetou a libido?

Minha percepção é que mudar a rotina radicalmente pode ser interessante nos primeiros dias, mas depois passa a trazer ansiedade e stress. Além disso, sair à noite com alguém, encontrar pessoas, ir a baladas ou flertar na rua ajudava a apimentar a libido de muita gente, e isso deixou de acontecer. No início, muita gente ficou até animadinha, mas aí veio um banho de realidade… Agora, estão voltando a se organizar.

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Pessoalmente, você se sentiu afetada de alguma maneira?

A quarentena me fez casar (risos). Meu namorado morava em São Paulo e eu, em Bauru. Ele veio para cá, foi ficando… E ficou. A gente sempre teve uma relação aberta e livre. Estamos juntos há dez anos. Está sendo uma experiência diferente a tal monogamia: não fazer nada, não sair com ninguém, ter um relacionamento tradicional… É interessante, eu achei que iria sentir falta disso tudo, mas não. Minha libido está bem.

A quarentena, em geral, foi uma prova de fogo para os casais?

Ela exigiu que eles soubessem se reinventar. Foi o que fizemos: ao longo desses dez anos, nós nos reinventamos muitas vezes, e foi também uma reinvenção ter um relacionamento tradicional. Se bem que é um tradicional meio moderno, porque, após quatro meses de quarentena, decidimos alugar casas vizinhas para morar. Eu não me vejo morando junto… E acho que muita gente pensa isso, mas se sente culpada.

“Para mim, tem sido uma novidade ter um relacionamento monogâmico. Achei que iria sentir falta de encontrar outras pessoas, mas não”

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Suruba on-line dá certo?

Algumas coisas funcionam, outras não. O ser humano tem mania de querer imitar na internet as coisas exatamente como elas são no mundo real. Isso geralmente não dá certo. Algumas surubas não deram certo porque o pessoal simplesmente ligava a câmera, conectava um monte de gente… E muitas ficavam com aquela sensação de que tinham chegado a uma balada diferente e estavam meio perdidas, sabe? O que tem dado certo são grupos que se encontram várias vezes, sempre as mesmas pessoas. Daí as que ficaram tímidas na primeira vez acabam participando nas seguintes.

No geral, que fetiches os paulistanos mais procuram na internet?

São Paulo tem uma comunidade de swing muito forte — que, na vida real, é 100% concentrada nas boates de Moema. Isso se expressa nas buscas on-line também. Swing é sempre líder nas buscas da cidade. Em outras capitais, às vezes essa opção cai para quarto ou quinto no ranking.

A nova geração da cidade também tem interesse por swing?

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Sim. O pessoal tradicional do swing é mais conservador, estabelece regras bem rígidas… Mas São Paulo é muito forte no público jovem e liberal. Nós criamos uma nova rede social para casais mais jovens, a ysos. Temos 2 000 novos cadastros por dia. Mais de 50% deles vêm de São Paulo. E a média de idade é de 20 a 25 anos.

Teve muita traição na pandemia?

Acredito que sim. Na nossa base de usuários, 6% das pessoas foram traídas na quarentena. E a traição é mais rara nessa comunidade. Imagino que fora do mundo liberal, esse número seja ainda mais alto. Tem costumes que são difíceis de parar…

Vai haver um novo normal do sexo?

Acho que a tendência é as pessoas experimentarem mais, principalmente no mundo on-line. Na segurança da quarentena, muitas deram esse primeiro passo.

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As pesquisas da plataforma têm algum viés estatístico? As pessoas são mais liberais que a média?

Sim, são pessoas que já se interessam pelo assunto sexo, são mais sexualmente ativas que a média… Nossos usuários também têm uma faixa etária de 30 ou 35 anos. Não são tão novos como no Tinder.

As surubas on-line viraram mesmo um fenômeno na quarentena?

Aconteceram muitas. Nossa pesquisa mostra que o uso de vídeo na plataforma aumentou 60% em São Paulo, na comparação com o mesmo período de 2019. E tem um alto número de mulheres assistindo.

Publicado em VEJA São Paulo de 14 de outubro de 2020, edição nº 2708.

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