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O iluminador e encenador que leva modernidade a peças eruditas

Caetano Vilela tem mais de vinte anos de carreira e insere referências da cultura pop em suas criações

Por Juliene Moretti Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 14 fev 2020, 15h59 - Publicado em 31 ago 2018, 06h00

Em Schumann ou Os Amores do Poeta, que estreia nesta sexta (31) no Teatro São Pedro, quatro solistas, um pianista e seis bailarinos da São Paulo Companhia de Dança interpretam canções líricas escritas no século XIX pelo compositor alemão Robert Schumann. “Em uma parte do espetáculo há um cenário aberto, em que a luz será responsável por direcionar o olhar do espectador”, afirma o diretor, William Pereira. Encarregado de criar esse ambiente, o iluminador e encenador Caetano Vilela soma em seu currículo mais de 100 trabalhos, em suas duas funções. “Estou já repetindo as peças”, diz Vilela.

Não se trata de exagero. Seu nome começou a pipocar no fim da década de 90, quando ele assumiu o cargo de iluminador do Festival Amazonas de Ópera, em Manaus, onde ficou por mais de dez anos. Desde 2011, Vilela ocupa a mesma posição no Festival de Ópera do Theatro da Paz, em Belém. Fez a direção cênica de obras como O Navio Fantasma, de Richard Wagner, A Queda da Casa de Usher, de Philip Glass, e Ça Ira, do músico Roger Waters, ex-Pink Floyd, além de levar o Prêmio Shell de iluminação em 2011.

Cena de Ainadamar (Heloisa Ballarini/Veja SP)

Em 2018, já assinou a encenação de O Matrimônio Secreto, no Teatro São Pedro, e até o fim do ano será responsável pela luz de Sonho de uma Noite de Verão, de Benjamin Britten, inspirada na peça de William Shakespeare, no mesmo local. Amante de literatura, Vilela fez suas primeiras incursões na vida artística após trabalhar como assistente do artista plástico Paulo Penna, morto em 1988.

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Passou por grupos de diretores como Ulysses Cruz, Zé Celso, Antunes Filho e Gerald Thomas, nos quais desenvolveu habilidades, entre elas a iluminação. Na época, chegou a dividir um apartamento no centro com o diretor Sérgio Ferrara e o ator Jarbas Homem de Melo, enquanto trabalhava em um restaurante para pagar as contas. “Era muito estudo e pouca grana, mas ele sempre contagiava o ambiente com bom humor”, diz Homem de Melo sobre o amigo.

Cena de O Navio Fantasma: apresentada no Festival de Ópera do Theatro da Paz, em 2013 (Gal Oppido)

Em suas pesquisas, Vilela deparou com um estudo do teórico teatral russo Vsevolod Meyerhold sobre Richard Wagner e começou a se interessar por óperas. Uma de suas marcas registradas é a fuga do tradicionalismo. “Ele é conhecido por trazer um ar contemporâneo às obras”, diz João Malatian, coordenador artístico do Teatro Municipal. Entre elas, Malatian destaca suas produções de 2015: Um Homem Só, de Camargo Guarnieri, e Ainadamar, de Osvaldo Golijov.

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“O que está escrito no libreto já está lá, o que importa é a minha interpretação para a obra”, afirma Vilela. Fã de rock, cita bandas como Iron Maiden, Queen e Kiss para exemplificar suas inspirações. “Eu tenho referências da cultura pop e adoro inserir esse repertório para dialogar com o público”, afirma.

Cena de Licht+Licht: iluminação e direção
modernas para peças eruditas (Divulgação/Veja SP)

Criado na Zona Leste, Vilela é o primogênito de cinco irmãos. Só ele se interessou pelo universo das artes. Atualmente, vive em um apartamento no centro, região que adotou há quase trinta anos. No tempo livre, costuma ir ao cinema e é assíduo em exposições de arte e plateias de teatro. “Também adoro estádios de futebol. Faz tempo que não vou, mas costumo frequentar sozinho”, diz o são-paulino. Com estilo mais informal, ele dispensa o uso de terno nas noites de trabalho e não se preocupa em exibir suas várias tatuagens. “Eu sou do teatro e acho que a ópera precisa dessa informalidade para se aproximar mais do público”, explica.

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