Na mira de Danilo Gentili: dublagem de Paddington, governo Dilma e CQC
Danilo Gentili é mais conhecido como humorista de Stand-up e apresentador de TV – ele comanda o talk show The Noite, no SBT. Suas investidas no cinema estão, porém, ganhando espaço em sua agenda. Depois de estrelar, ao lado de Bruno Gagliasso, a comédia Mato sem Cachorro, Gentili dubla o ursinho da comédia infantil As […]
Danilo Gentili é mais conhecido como humorista de Stand-up e apresentador de TV – ele comanda o talk show The Noite, no SBT. Suas investidas no cinema estão, porém, ganhando espaço em sua agenda. Depois de estrelar, ao lado de Bruno Gagliasso, a comédia Mato sem Cachorro, Gentili dubla o ursinho da comédia infantil As Aventuras de Paddington, que está em cartaz.
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O que tomou mais tempo e foi mais difícil: ser ator em Mato sem Cachorro ou dublador de Paddington? Sem dúvida, atuar no cinema foi mais trabalhoso. Na dublagem, não é preciso esperar nos sets de filmagens. E, para alguém inquieto como eu, isso é a maior tortura do mundo. Odeio esperar.
Como o diretor conseguiu que o “personagem” Danilo Gentili não viesse à tona na dublagem? O Wendell Bezerra é um excelente dublador e diretor e me deu toques que fizeram toda a diferença para o trabalho. Mas, modéstia à parte, acho que o espírito com que cheguei para dublar já foi meio caminho andado. A primeira coisa que eu falei para o Wendell e para a distribuidora foi que eu não queria aparecer mais do que o personagem e, sim, ajudar a contar a história. A dublagem deve ser uma versão que traduz com exatidão o espirito e a essência do original e não um subproduto que transforma o original em algo popularesco.
Como assim? Acho que alguns responsáveis por versões brasileiras subestimam muito o povo por aqui. Algo do tipo: “Mete um “segura o tcham” aí na frase que o povão entende”. Como fã de filmes, odeio e repudio quando vejo trejeitos e bordões do artista brasileiro no personagem. Eu não consigo engolir até hoje quando o Shrek fala “Olha o cara aí”, ou que personagens de um conto de fada digam “não é brinquedo não”. Acho muito ridículo (risos).
Você conhecia o personagem que dublou? Sou fã do Paddington. Ele é um personagem amado por gerações, é uma entidade. O brasileiro não o conhece e eu quis apresentá-lo da melhor forma possível. Por ser humorista, era natural esperar piadinhas e gracinhas em algumas falas, mas o Paddington não é “engraçadinho”. Ele é dócil, polido e educado. E eu não queria estragar tudo com piadas da quinta série.
Foi ideia sua dar um sotaque “caipira” ao ursinho? Na verdade, eu falo assim (risos). Notei que o Paddington original tem um sotaque inglês exatamente como o seu dublador tem. Então, eu mantive o meu. E ficou adequado porque ele realmente veio do “interior”. É uma história sobre um imigrante, um alien chegando num novo mundo. O personagem soa tão ingênuo e caipira em Londres quanto eu quando cheguei de Santo André para a televisão. Era exatamente isso que eu queria: que enxergassem o Paddington, e não eu, o Danilo Gentili.
Embora seu humor seja politicamente incorreto, você têm muitas crianças que te adoram. Como lida com isso? Ser politicamente incorreto significa que você não se dobrou a nenhuma imposição de algum grupelho com ambições de controle político sobre a sua vida. Significa que você preferiu seguir sendo autêntico sem se dobrar à correção política de alguma agenda de teoria ideológica. Correção política traz sempre autoritarismo e peso. Crianças são verdadeiras e também não se dobram às convenções. Existe este ponto de identificação entre a gente. As crianças, talvez, não compreendam a mensagem, mas se identificam com o mensageiro.
Por ser crítico ao governo Dilma, acredita ter ganhado mais amigos ou inimigos? Não sou um crítico do governo Dilma. Sou um comediante. E um comediante verdadeiro sempre será do contra. É o papel dele! Não existe humor a favor. Não existe piada chapa-branca. Porém, se o Brasil está há doze anos sendo governado pelo mesmo partido, e se há vinte anos a situação do Brasil é esquerdista, contra quem um humorista lançaria a sua tortada? Eu estou apenas fazendo meu trabalho.
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Mas como avalia o governo do PT? Um governo autoritário não persegue apenas os que são contra ele. É por isso que, embora eu faça piada com todos os políticos e partidos, apenas o PT me colocou numa lista negra porque eles são assustadoramente mais autoritários e perigosos do que os outros.
O que achou da debandada de vários integrantes do CQC? Eu sou amigo de todos e nunca tive problemas com o CQC. Era um programa difícil e suado de se fazer, porém eu guardo tudo com muito carinho. Quero muito que o Felipe Andreoli e o Oscar Filho sejam felizes com suas saídas de lá. Torço demais por eles. Sobre o Marcelo Tas, eu me considero uma pessoa de sorte por ter iniciado na TV em um programa que ele comandava. Estou ansioso para acompanhar qual será o próximo projeto dele.