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Milagre na Cela 7 é ruim. Mas há motivos para ser um sucesso na pandemia

O dramalhão turco ocupa há semanas as primeiras posições no ranking dos mais assistidos na Netflix

Por Miguel Barbieri Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 23 abr 2020, 11h56 - Publicado em 23 abr 2020, 11h45
Pai e filha em Milagre na Cela 7: dramalhão turco (Divulgação/Divulgação)
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Durante a transmissão das minha lives, às quintas, 19h, mais de uma pessoa me perguntava se eu tinha visto Milagre na Cela 7. Como gosto de fazer uma ligação entre filmes, tanto para a revista quanto aqui no blog, pensei em dar uma lista de filmes turcos. Comecei com Sadece Sen e… não gostei. Desisti da lista.

Aí mais duas pessoas me “pediram” para ver Milagre – um amigo de Portugal e a Helena, minha colega de redação na Vejinha. Os adjetivos usados eram quase sempre os mesmos: “é lindo, é emocionante, chorei muito, a menina é sensacional…”. Me vi, então, na obrigação de conferir o filme, embora já tivesse lido algumas opiniões negativas. Pois bem.

Desde que chegou à Netflix, em meados de março, Milagre na Cela 7 foi ganhando o boca a boca e, nas últimas semanas, ocupa lugar de destaque no top 10. Passou uma rasteira, inclusive, no queridinho La Casa de Papel. Mas o dramalhão turco é mesmo um bom arranca-lágrimas que muitos estão comentando? Tudo depende do estado de espírito. Isolamento, distanciamento social e até confinamento andam provocando uma onda de solidão e tristeza. E é bem provável que as pessoas estejam expressando suas emoções ao assistir ao filme. Funciona como um efeito catártico.

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Numa análise fria e racional, o longa-metragem não tem consistência, é apelativo e manipulador. Trata da história de Memo (Aras Bulut Iynemli), um camponês com atraso mental que tem uma afinidade ímpar com sua pequena filha (Nisa Sofiya Aksongur). Ambos moram com a avó. Ao ser acusado de assassinar uma garota, filha de um poderoso militar, Memo vai parar na cadeia.

Sem sutilezas, o roteiro é dividido entre vilões e mocinhos, dá uma noção equivocada do sistema carcerário na Turquia e, engatando uma desgraça na outra, só tem o objetivo de fazer o espectador se “identificar” com a injustiça e o sofrimento alheios.

Vem daí o sucesso (SPOILER!): seu desfecho conciliador (e muito improvável) desemboca num registro de solidariedade e união, coisas que, justamente nesta pandemia, as pessoas estão à procura. Aproveitando a oportunidade, recomendo dois outros filmes da Netflix, que são melhores e têm algo em comum: Uma Lição de Amor (com Sean Penn) e Lion (com Dev Patel).

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