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Com os cinemas fechados, bons filmes brasileiros são lançados no streaming

Entre as atrações estão Narciso em Férias e Alice Júnior, exibidos em festivais internacionais. Confira onde eles estão disponíveis

Por Miguel Barbieri Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
10 set 2020, 10h59
Caetano Veloso
Narciso em Férias e Alice Júnior: exibição em festivais internacionais (Divulgação/Divulgação)
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Alguns filmes brasileiros que estavam cotados para chegar aos cinemas estão sendo lançados diretamente no streaming. Acho que já era a hora. Com os cinemas fechados há seis meses, não há motivos para esperar as salas reabrir e, assim, estreá-los. Já imaginou a quantidade de ofertas que estão na fila de espera? Cito abaixo quatro exemplos, cada um buscando seu lugar ao sol na plataformas de aluguel ou de assinatura. E todos valem a pena!

Narciso em Férias > Na mesma segunda ( 7 de setembro) em que foi exibido no Festival de Veneza, o filme chegou ao Globoplay. Trata-se de uma longa entrevista de Caetano Veloso sobre um episódio dramático de sua vida. Em 27 de dezembro de 1968, na época mais dura do regime militar, o cantor e seu amigo Gilberto Gil foram retirados de suas casas em São Paulo e levados para um interrogatório no Rio de Janeiro. Durante vinte dias, Caetano, sem saber o motivo da prisão, ficou numa solitária e também dividiu uma cela com outros homens. A memória do compositor é prodigiosa ao lembrar de nomes, detalhes e situações embaraçosas, como a falta de erotização para se masturbar. Dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil, a mesma dupla de Uma Noite em 67, o registro se sustenta pelo poderoso depoimento, entre risos e lágrimas, do artista. Globoplay.

You Tubers > Embora o YouTube esteja entulhado de canais tolos, os quatro profissionais da área escolhidos pelos diretores Sandra Werneck e Bebeto Abrantes têm muito a dizer. Além de o foco do documentário estar no trabalho deles, os youtubers trazem à tona revelações pessoais. Spartakus, negro e gay da Bahia, relembra suas primeiras experiências sexuais e ostenta vídeos ativistas contra o racismo. O professor e palestrante Guilherme Terreri, na pele da drag Rita Von Hunty, manda bem nas explicações didáticas a respeito de política e questões sociais. Julia Tolezano, a Jout Jout, empodera as mulheres com debates feministas. O ponto fora da curva é o humorista Arnaldo Taveira, que se dedica a produzir esquetes de humor para satirizar pastores evangélicos. Canal Curta!, neste domingo (13), às 22h30, e segunda (14), às 15h30.

+Assine a Vejinha a partir de 6,90

Alice Júnior > Imagine uma comédia romântica com Maisa ou Larissa Manoela só que no lugar da protagonista há uma garota trans. Após o desastroso O Amor de Catarina (2016), o diretor Gil Baroni acerta no registro teen a respeito de Alice Júnior (papel da descontraída Anne Celestino Mota), a adolescente de Recife que é obrigada a mudar para o sul do país por causa do trabalho do pai. No ambiente escolar, ela recebe o carinho de poucos e a repulsa dos preconceituosos. Alice, que tem um canal no YouTube, sabe como revidar agressões verbais e humilhações. Pontuado por situações típicas da idade (como a expectativa do primeiro beijo), o filme traz dramas como o bullying, mas, num clima de fábula pop, sobressai o positivismo, a leveza e o alto-astral. Chega na sexta (11) no NOW, Looke e outras plataformas de aluguel.

Três Verões > A partir de quarta (16), o filme chega às plataformas de aluguel, como o NOW, e também ao streaming do Telecine, que será grátis para assinantes. Trata-se de uma crônica ao mesmo tempo singela e afiada do Brasil de hoje, desenrolada em três fins de ano. Às vésperas de 2016, Madá (Regina Casé), caseira de uma mansão em Angra dos Reis, organiza as festas para seus patrões. Uma falcatrua dele o leva a fugir do país deixando o casarão por conta de Madá e dos demais empregados, que estão com os salários atrasados. Nos dois anos seguintes, a protagonista vai arranjar maneiras de lucrar com o imóvel abandonado pelos donos. Afastada dos cinemas desde Que Horas Ela Volta? (2015), Regina encontra um papel à altura de seu talento. Ela combina a descontração do humor com a dor da personagem, revelada numa cena para lá de inesperada. As atuações de coad­juvantes como Rogério Fróes, Otávio Müller, Gisele Fróes, Jessica Ellen e Daniel Rangel contribuem para dar brilho a cenas de um cotidiano muito natural.

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