Corintiano quebra recorde mundial com coleção de camisas de futebol
Piloto Lewis Hamilton já vestiu peças do acervo de Cássio Brandão, que mantém raridades usadas por craques como Pelé e Sócrates
Após acumular 6 102 camisas de futebol em vinte anos, Cássio Brandão, 41, acaba de entrar para o livro dos recordes como o maior colecionador na categoria. Certificado em abril pelo Guinness World Records, ele pode se gabar de ter derrotado um rival argentino, Daniel Goldfarb, recordista anterior e dono de 950 exemplares, todos do time River Plate.
O acervo, iniciado em 2000, é mantido em um grande escritório na Barra Funda. “Ficavam todas no quarto de hóspedes, até eu ser expulso de casa pela minha esposa”, brinca.
Em um ambiente com temperatura e umidade controladas, todos os modelos ficam em cabides especiais — para as peças mais antigas, ele mantém um processo rotineiro de “descanso”, deitando cada uma para que o peso não danifique o tecido.
Todo esse trabalho é feito com a ajuda de quatro funcionários, integrantes da empresa de Cássio, que transformou o hobby em negócio: a Alambrado, uma comunidade de colecionadores com marketplace especializado em camisas antigas e loja física em Pinheiros.
“Das minhas, não vendo de jeito nenhum as do Corinthians, as do Pelé e as do Sócrates”, conta.
Entre os milhares de camisas que formam a coleção, 1 700 são do clube paulistano, do qual é torcedor fanático, incluindo preciosidades como a mais antiga de que se tem notícia: a do jogador Goiano, de 1955.
Do rei Pelé, são 85 itens que o jogador usou ou trocou em partidas, a exemplo do amistoso para receber a rainha Elizabeth II, em 1968. “Tudo dele é sempre mais caro pelo valor histórico”, explica.
Os preços são estipulados de acordo com o estado de conservação e a singularidade de cada peça e variam de 400 a 40 000 reais — preço do uniforme do craque Maradona no Napoli, de 1991.
Além dos fanáticos pelo esporte, Cássio tem atraído clientes fashionistas. “Está acontecendo um movimento importante de memorabilia e resgate histórico no futebol também pela moda, com gente interessada em construir um look colorido, com estampas diferentes”, garante.
Foi esse o caso da parceria feita com Lewis Hamilton. Fã de Ayrton Senna, Pelé e Ronaldo, o piloto inglês pegou emprestado de Cássio um agasalho da Copa do Mundo de 1994, usado pela comissão técnica e pelos jogadores da seleção brasileira naquele ano.
Em visita ao GP de São Paulo, em novembro de 2023, ele foi visto vestindo o modelo verde, amarelo e azul, com o logo da CBF.
“No final, comprou algumas camisas minhas, mas esse agasalho não vendo!”
Com seu garimpo quase diário em busca de mais raridades, o tamanho da coleção só deve aumentar daqui para frente. “Minha pesquisa é constante, assim como o contato que tenho com outros parceiros, sugerindo algum achado ou oferecendo uma troca”, completa.
Publicado em VEJA São Paulo de 7 de junho de 2024, edição nº 2896