“Eclipse” apresenta um Galpão de alma gringa
Desde o mês de julho, o Grupo Galpão comemora três décadas de intensa atividade com uma mostra itinerante de repertório pela cidade. Depois de reapresentar a célebre montagem de Gabriel Villela para “Romeu e Julieta”, a farsesca “Till – A Saga de um Herói Torto”, concebida por Julio Maciel, e a profunda versão dirigida por […]
Inês Peixoto, Lydia Del Picchia, Simone Ordones, Julio Maciel e Chico Pelúcio na montagem em cartaz no Sesc Vila Mariana
Desde o mês de julho, o Grupo Galpão comemora três décadas de intensa atividade com uma mostra itinerante de repertório pela cidade. Depois de reapresentar a célebre montagem de Gabriel Villela para “Romeu e Julieta”, a farsesca “Till – A Saga de um Herói Torto”, concebida por Julio Maciel, e a profunda versão dirigida por Yara de Novaes para “Tio Vânia”, a companhia mineira leva ao palco, desta vez o do Sesc Vila Mariana, um recente e diferente mergulho na obra do russo Anton Tchecov (1860-1904). O drama “Eclipse” traz um tema recorrente da ficção: o balanço de cada um na iminência do fim do mundo. Para o Galpão, no entanto, o espetáculo o aproxima de um teatro mais voltado à estética que às sensações e, inevitavelmente, isso causa uma profunda estranheza nos atores – que precisam investir mais na técnica, abrindo mão da emoção – e também na plateia, acostumada a um diálogo menos engessado.
Confinadas em um mesmo lugar, cinco pessoas (interpretadas por Chico Pelúcio, Inês Peixoto, Julio Maciel, Lydia Del Picchia e Simone Ordones) aguardam o término de um eclipse solar. Eles confrontam diferentes olhares sobre fé, felicidade, talento, vocações e caos, estreitando os limites do respeito e beirando o absurdo. Baseada em fragmentos de 150 textos curtos do autor russo, a dramaturgia coletiva cresce ao inspirar-se no estilo literário e nas visões de Tchecov a respeito da vida.
O rodízio permanente de encenadores é uma das principais características do Galpão – e o grande trunfo para tamanha produtividade, sempre tão significativa. O diálogo renovado do elenco fixo com esse convidado impede a acomodação na linguagem. Resulta em uma eterna e suada reconstrução, sem tempo para levantar pilares de vaidade. Diante da proposta de estabelecer uma relação intimista com o autor, justifica-se plenamente a opção pelo diretor russo radicado na Alemanha Jurij Alschitz no comando da encenação. Desta vez, porém, a ousadia de chamar Alschitz rendeu uma montagem com a conhecida veia poética e momentos de delicadeza, principalmente da metade para o final. O excesso formal, o rigor cênico e a sequência de monólogos para cada personagem imprimem, no entanto, uma frieza que distancia a peça do conhecido repertório do grupo. “Eclipse” é um espetáculo refinado, como grande parte de tudo o que foi levado pelo Galpão em 30 anos, mas aproxima-se muito mais de um espetáculo europeu. É frio, seco, muito formatado e influenciado, óbvio, pela visão do diretor, talvez acostumado às propostas das montagens de Berlim. E se, no final das contas, “Eclipse” não tem uma cara brasileira, ele não se parece com o Galpão.
Simone Ordones e Inês Peixoto em meio a 150 textos de Tchecov (Fotos:Bianca Aun)

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