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“Não é falta de amor, apoio e sexo”, define advogada que enfrentou depressão pós-parto

Se você acompanha as redes sociais, certamente está por dentro da declaração de Juliana Reis. Na quarta (17), a dona de casa se negou a participar do “desafio da maternidade” (um jogo do Facebook, em que pedem para mães postarem momentos importantes ao lado dos filhos). No post, Juliana disse que amava seu filho, Vicente, […]

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 26 fev 2017, 13h08 - Publicado em 18 fev 2016, 19h48
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“Me sentia incapaz como mãe e esposa. Achei que não fosse dar conta. Pedi socorro incontáveis vezes e só recebi julgamentos. Fui taxada de louca e antissocial”, escreveu Monique

Se você acompanha as redes sociais, certamente está por dentro da declaração de Juliana Reis. Na quarta (17), a dona de casa se negou a participar do “desafio da maternidade” (um jogo do Facebook, em que pedem para mães postarem momentos importantes ao lado dos filhos). No post, Juliana disse que amava seu filho, Vicente, de 1 mês, mas confessou que estava detestando ser mãe. Bastou isso para receber uma enxurrada de mensagens, entre críticas e mensagens de apoio. Sua conta no Facebook inclusive ficou bloqueada por quase 24 horas. Mas depois, foi reativada.

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Entre milhares de manifestações, um casal se solidarizou com a história da moça e há poucas horas decidiu expor a dificuldade dos primeiros dias de um filho em casa no Facebook. A advogada Monique Ranauro e o empresário Marcos Vinícius são pais de Mia, uma garotinha de 4 meses. A mãe sofreu depressão pós-parto e tentou o suicídio duas vezes. No fim, os dois superaram os maus momentos. O depoimento de Monique e Marcos na rede social é bastante emocionante e também viralizou na web. Vale a pena ler:

"Com o tempo esse pavor deu lugar a um amor imensurável. Hoje esse amor anulou qualquer sentimento ruim", completou a advogada

“Com o tempo esse pavor deu lugar a um amor imensurável. Hoje esse amor anulou qualquer sentimento ruim”, afirmou a advogada

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Depoimento de Monique Ranauro:

“Não ia me posicionar em relação ao post da Ju, mas diante da quantidade absurda de falta de respeito que tenho lido na internet, achei melhor falar sim. Juliana é mulher e mãe como eu e você e faz parte de um seleto grupo de mulheres que colocam a cara a tapa.

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Você passou pelo puerpério sorrindo? Que ótimo! Eu tentei me matar duas vezes e morria de chorar no primeiro mês toda vez que olhava a Mia. Me sentia incapaz como mãe e esposa. Achei que não fosse dar conta. Pedi socorro incontáveis vezes e só recebi julgamentos. Fui taxada de louca e antissocial.

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E quando contava pras pessoas que tinha medo de não aguentar a pressão, recebia olhares que me matavam por dentro. Emagreci 20 quilos. Meu marido 12 quilos. Só Deus sabe o quanto desejei que isso tudo passasse logo pra eu poder ser feliz com minha tão sonhada família. Sinto muito se para algumas mulheres o desabafo da Juliana soou como ofensa.

Pra mim, veio como um pedido de socorro a esse universo colorido que pintam a “cara” da maternidade. Ninguém explica pra gente que um bebê dá trabalho sim e nos faz sentir mil coisas loucas. Aqui em casa não tem conto de fadas. Nunca teve.

Tem uma bebê cheia de saúde, graças a Deus, que fica acordada o dia inteiro e vai dormir às 23h me privando de fazer coco, xixi, comer e tomar banho. Não fui feliz nessa condição há três meses atrás, hoje sou. Adquiri resiliência. Essa tal resiliência que a Juliana, com um mês sendo mãe, recém parida, está buscando ter. Demora, não nasce de um dia pro outro junto com nossos filhos.

O Vicente e a Juliana ainda estão em adaptação, eles se conhecem somente há um mês. A Monique e a Mia também estão nessa fase de conhecimento há quatro meses, quase cinco. É um fato diário. Aprendi a amar minha filha, incondicionalmente. A Mia é meu mundo. No momento em que ela nasceu eu só soube sentir medo. De tudo! Com o tempo esse pavor deu lugar a um amor imensurável. Hoje esse amor anulou qualquer sentimento ruim.

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Antes que seja julgada também (mais uma vez, agora, por motivos diferentes) preciso dizer, MULHERES (o post é endereçado unicamente a vocês. Estou decepcionada! Confesso!), que eu planejei a gravidez e sou bem casada. Não foi descuido e não é falta de sexo, como andei lendo. Pra Ju também não falta amor, apoio e sexo do seu companheiro.

Você é mãe? Seja respeitosa com quem não viveu o mesmo que você. Eu não tenho culpa de ter me assustado com a maternidade, a Juliana também não. Eu não escolhi ter depressão pós-parto e as mães que sofrem pelo mesmo motivo também não.”

"Depressão não é palhaçada. Puerperio também não é. Isso não é frescura de mulher", escreveu Marcos Vinícius

“Depressão não é palhaçada. Puerpério também não é. Isso não é frescura de mulher”, escreveu Marcos Vinícius

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Depoimento de Marcos Vinícius

“Quem me conhece sabe que não sou de me envolver em polêmicas na internet, mas diante da situação que presenciei hoje preciso me manifestar como pai e marido. Todos sabem que agora eu sou pai. Mas poucos têm conhecimento de que a minha esposa teve depressão pós parto. Eu passei momentos tristes ao lado da Monique. Vi minha esposa se tornar uma mulher mais linda ainda depois do nascimento da Mia, mas também vi uma mulher que era tão sorridente chorar o dia todo com medo da maternidade.

O seio da minha esposa rachou e mesmo assim ela amamentava a Mia com amor nos olhos. O leite da Monique secou. A casa está cheia de cabelo dela pelo chão. Ela perdeu 20 quilos por causa da depressão. Tentou suicídio duas vezes e chorava desesperada querendo ter saúde pra cuidar da nossa família. Fiquei sem chão muitas vezes. Deus me ajudou. Ajudou a Monique.
O que eu passei sendo pai, não foi nem 10% do que minha esposa passou. E se pra mim foi difícil imagina pra ela. A Monique cuida da Mia como se fosse mãe há cinquenta anos, eu jamais conseguiria cuidar da nossa filha dessa forma. Dou banho, mamadeira, troco a fralda mas nunca serei o que a Monique é.

Ela parece que nasceu sabendo ser mãe. O tempo passou e hoje estamos nos adaptando bem a chegada da Mia. O susto sumiu. Mas percebi que antes muitos resolveram apedrejar do que ajudar. Chamavam minha esposa de louca e quando a Monique resolveu se afastar das pessoas por causa da depressão criticavam ela sem nem saber o motivo do afastamento. Hoje uma amiga da Monique postou no Facebook que está vivendo tempos difíceis com a chegada do filho dela.

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Li alguns comentários e deles percebi que a raça humana é ditatória, que fica cagando regra na máxima que “minha grama é mais verde”, é um egoísmo sem precedentes. Afinal é mais fácil julgar do que entender o que o próximo tá passando. A Juliana foi xingada e humilhada publicamente.

A Monique foi xingada e humilhada nas rodinhas de conversa e WhatsApp. Quantas mães são xingadas e humilhadas todos os dias?! Se a sua maternidade foi perfeita e comercial de margarina porque não tenta dar um conselho construtivo pra mães recém paridas? Sou homem mas aprendi com a minha esposa a palavra sororidade. Tá faltando isso entre algumas mulheres. Falta respeito entre o ser humano.

Vi minha esposa sofrer o preconceito na pele por causa da depressão pós parto. Passei tudo isso com ela e pretendo passar o que for pela Monique e pela Mia. Depressão não é palhaçada. Puerpério também não é. Isso não é frescura de mulher. 
As pessoas cagam regras sobre o que o outro passa. A internet virou um tribunal aberto, onde todo mundo julga todo mundo sem ter passado por situação semelhante.”

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