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40% das mulheres não se masturbam, aponta nova pesquisa da USP

Eles fazem sexo só por atração, gostariam de ter mais de oito relações sexuais por semana e iniciam a vida sexual mais cedo. Elas têm menos parceiros sexuais, rejeitam ir para a cama motivadas apenas por atração e, um dado alarmante: quase metade das mulheres não se masturbam. Essas diferenças no comportamento sexual entre homens e […]

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 26 fev 2017, 11h17 - Publicado em 5 jul 2016, 13h36
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Cena de Sex And The City

Eles fazem sexo só por atração, gostariam de ter mais de oito relações sexuais por semana e iniciam a vida sexual mais cedo. Elas têm menos parceiros sexuais, rejeitam ir para a cama motivadas apenas por atração e, um dado alarmante: quase metade das mulheres não se masturbam.

Essas diferenças no comportamento sexual entre homens e mulheres são alguns dos destaques da pesquisa Mosaico 2.0, conduzida pela psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. O trabalho acaba de ser divulgado.

No levantamento, foram ouvidos 3 000 participantes com idade entre 18 e 70 anos, divididos em cinco faixas etárias. Foi traçado um perfil contemporâneo do comportamento afetivo-sexual do brasileiro. Participaram indivíduos de sete regiões metropolitanas: São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Belém, Porto Alegre e Distrito Federal.

A nova pesquisa é uma versão atualizada do estudo Mosaico Brasil, de 2008, que se consolidou como o primeiro e maior levantamento sobre sexualidade já realizada no país até aquele momento, também coordenada pela psiquiatra Carmita Abdo.

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Em, média, o número de parceiros nos últimos doze meses foi de dois para os homens e de um para as mulheres. E, apesar das várias diferenças comportamentais entre os gêneros, há um ponto em que a convergência é praticamente absoluta. Para 95,3% dos entrevistados, o sexo é importante ou muito importante para a harmonia do casal, porcentagem que sobe para 96,2% entre os homens e fica em 94,5% para as mulheres. Curiosamente, a faixa etária que mais respondeu que sexo é pouco ou nada importante para a harmonia do casal foi a mais jovem, de 18 a 25 anos.

 

Total |18 a 25 anos |26 a 40 anos |41 a 50 anos| 51 a 60 anos |61 a 70 anos
Total 3.000 790 1.239 478 406 86
Muito importante 46,8 46,2 46,7 51,5 43,8 43
Importante 48,5 46,6 49,2 46,4 51,7 51,2
Pouco importante 4,1 5,9 3,6 1,7- 4,2 5,8
Nada importante 0,6 1,3 0,5 0,4 0,2 0
Importante + Muito Importante 95,3 92,8 95,9 97,9 95,6 94,2
Pouco ou Nada importante 4,7 7,2 4,1 2,1- 4,4 5,8

 

O que eles temem?

Quando o assunto é as principais preocupações relacionadas à vida sexual, as diferenças entre homens e mulheres também se tornam evidentes. Enquanto o principal fator apontado por elas é a possibilidade de contrair uma doença sexualmente transmissível (DST), opção assinalada por 45,9% das entrevistadas, a maior preocupação entre os homens é não satisfazer a parceira, temor apontado por 54,8% do grupo masculino. Veja só a tabela abaixo:

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Total Homem Mulher
Total 3.000 1.530 1.470
Não satisfazer sexualmente o(a) parceiro(a) 47,9 54,8 40,7
Pegar doença sexualmente transmissível (DST) 47,0 48,0 45,9
Perder a ereção / ou seu parceiro perder a ereção 28,8 46,9 10,0
Não ter excitação (não ter tesão) pelo(a) parceiro(a) 27,3 27,1 27,6
Ficar grávida / ou engravidar a parceira 26,3 17,7 35,2
Ejacular muito rápido / ou seu parceiro ejacular muito rápido 25,6 42,0 8,4
Não tenho qualquer medo em relação ao sexo 18,1 16,4 19,9
Não ter orgasmo (não conseguir gozar) 17,2 15,7- 18,8
Não ser aceito(a) pela(o) parceira(o) 14,8 14,2 15,4
Não conseguir “dar mais uma” 14,6 23,3 5,4
Não saber fazer alguma coisa (Ex. beijar, estimular o sexo da(o) parceiro(a) 12,5 8,8 16,3
Media 2,62 2,98 2,24

 

As preocupações também são diferentes quando se analisa os resultados por faixa etária: apenas entre os mais jovens, de 18 a 25 anos, o principal temor é contrair uma DST.  Esse medo se reflete em um outro comportamento da faixa mais jovem avaliado pela pesquisa: são eles os que mais se previnem durante as relações. A porcentagem dos que sempre usam preservativo no ato sexual é de 36,2% na faixa etária dos 18 aos 25 anos, índice que cai gradualmente até chegar a 10,5% entre aqueles de 60 a 70 anos de idade.

 

Usa Camisinha Total  | 18 a 25  | 26 a 40   | 41 a 50  | 51 a 60  | 61 a 70    
Total 3.000 790 1.239 478 406 86
Uso sempre (meu parceiro usa) em todas as relações sexuais 27,9 36,2 28,4 23,0 19,5 10,5
Uso quando tenho relações com parceiros(as) eventual(is) 19,8 10,9 22,0 24,5 23,6 24,4
Uso (meu parceiro usa) raramente 9 10,1 10,1 6,3 7,9 2,3
Não uso (meu parceiro não usa) camisinha 36 26,8 35,8 43,1 42,6 51,2
Não faço sexo 4,4 12,3 3,2 1,5 3,4 7,3

Sexo ou amor?

A maioria dos entrevistados (56%), independentemente de gênero, faz distinção entre vida afetiva e sexual, mas essa percepção é mais acentuada entre os homens (59,7%) do que entre as mulheres (51%). Mais da metade deles (50,8%) diz que se considera realizado em ambas as esferas, o que não se verifica para a maioria das mulheres: apenas 44,4% delas têm essa percepção. Analisando isoladamente cada um dos dois pilares, tanto sexualmente como afetivamente os homens estão mais realizados do que as mulheres. Em contrapartida, 13,5% das mulheres diz que não está satisfeita em nenhuma das duas situações, ante 8,6% dos homens.

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Atração basta?

A importância do componente afetivo para as mulheres durante o ato sexual também fica clara quando os entrevistados são questionados sobre a possibilidade de fazer sexo apenas por atração. Enquanto 43,7% dos homens responderam que “com certeza” essa seria uma motivação para a relação sexual, apenas 22,2% das mulheres o fizeram.  Essa postura também é mais acentuada entre os participantes de 26 a 50 anos, e menos pronunciada entre aqueles de 18 a 25 anos, que são os que mais responderam “não, de forma alguma”.

 

Total 18 a 25 26 a 40 41 a 50 51 a 60 61 a 70
Total 3.000 790 1.239 478 406 86
Sim, com certeza 33,2 28,2 35,8 37,4 31 27,9
Acredito que sim 33,8 32,2 34,1 32,2 37,7 36,0
Acredito que não 19,3 21,3 17,9 17,8 21,4 18,6
Não, de forma alguma 13,7 18,4 12,3 12,6 9,9 17,4
Sim ou acredito que sim (1+2) 67,0 60,4 69,8 69,7 68,7 64,0
Não ou acredito que não (3+4) 33,0 39,6 30,2 30,3 31,3 36,0

 

Expectativas diferentes

Os universos masculino e feminino também se diferenciam em relação à frequência ideal de relações sexuais. Se a resposta mais escolhida pelas mulheres quando perguntadas sobre o número ideal de relações por semana foi “três vezes”, entre os homens a resposta mais adotada foi “mais de 8 vezes”, assinalada por quase um terço deles (26,8%). Em geral, a expectativa média é de 4 relações por semana para as mulheres e de 6 para os homens.

Em contrapartida, a vontade de fazer sexo não acompanha a realidade da vida sexual dos casais. Os homens, por exemplo, tendem a ter três relações por semana, enquanto as mulheres costumam ter duas.

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Envelhecimento e sexo

Quanto mais maduros os parceiros, mais qualidade tem a relação sexual, de acordo com os dados do Mosaico Brasil 2.0 que investigam a intimidade entre os mais velhos.  Enquanto os mais jovens relacionam muito mais um bom desempenho sexual ao fato de chegar ou não ao orgasmo durante o sexo, os mais maduros destacam a dedicação dispensada à relação sexual.

A idade dos parceiros também está diretamente relacionada à quantidade de atos sexuais em cada encontro. Quanto mais jovens, mais atos são relatados, em média de três a quatro, ao passo que quanto mais velhos, menos atos ocorrem por encontro, entre um e dois.  Além disso, a maioria das pessoas afirmou que o tempo decorrido entre os atos varia de quinze minutos a uma hora, tanto para homens como para mulheres, mas esse intervalo tende a ser maior com o avanço da idade.

Envelhecer, em geral, atrapalha mais a performance sexual masculina do que a feminina, na percepção dos entrevistados.

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Dificuldades sexuais

As respostas de homens e mulheres evidenciam que as disfunções sexuais são frequentes entre os brasileiros. Mais de um terço (32,4%) da porção masculina da amostra, por exemplo, relata dificuldades para ter e manter uma ereção.

 

DIFICULDADE PARA OBTER E MANTER A EREÇÃO Total
Total 1.530
Grave 2
Minima+Moderada 30,4
Não tenho dificuldades sexuais 67,6

 

Em relação às falhas de ereção, uma postura compreensiva é predominante entre os casais. Essa é a percepção tanto dos homens quanto das mulheres, especialmente no caso das faixas etárias mais maduras, conforme demonstra a tabela abaixo:

MULHERES

Total 18 a 25 anos 26 a 40 anos 41 a 50 anos 51 a 60 anos 61 a 70 anos
Total 1.470 533 604 153 146 33
Não passei por esta experiência com meu parceiro 31,3 33,2 31,8 32,7 24,0 18,2
Sou compreensiva / Converso com ele sobre o assunto 25,3 19,3 27,6 24,2 37,0 30,3
Tento estimulá-lo para que ele recupere a ereção 18,8 18,0 18,9 20,9 20,5 15,2
Finjo que não percebi 4,8 3,8 5,1 5,2 5,5 12,1
Fico sem graça, sem ação 2,9 2,8 3,3 3,3 0,7 6,1
Fico irritada 2,2 2,3 2,8 1,3 0,7 3,0
Sinto-me culpada 2,2 1,9 2,6 3,9 0,7 0,0
Não faço sexo com penetração do pênis 2,0 2,8 1,5 1,3 2,1 0,0
Não tenho parceiro(a) sexual 10,3 15,9 6,3 7,2 8,9 15,2

HOMENS

Total 18 a 25 anos 26 a 40 anos 41 a 50 anos 51 a 60 anos 61 a 70 anos
Total 1.530 257 635 325 260 53
Nunca falhei 35,9 42,4 39,5 36,3 23,1 22,6
Foi compreensiva(o) / Conversou comigo 28,7 19,1 26,1 32,0 37,7 41,5
Tentou me estimular para eu recuperar a ereção 19,2 13,6 17,8 20,0 26,5 22,6
Fingiu que não percebeu 3,5 1,6 4,6 2,5 4,2 1,9
Ficou sem graça, sem ação 3,1 3,1 3,0 3,1 2,7 5,7
Ficou irritada(o) 2,3 1,2 3,1 2,5 1,2 1,9
Sentiu-se culpada(o) 1,8 2,7 2,0 1,5 1,2 0,0
Não tenho parceira(o) sexual 5,5 16,3 3,8 2,2 3,5 3,8

 

Entre as mulheres chama a atenção a dificuldade para alcançar o orgasmo. Confira a tabela:

orgasmo

 

As dificuldades sexuais exercem um duplo impacto para a vida das pessoas. Se por um lado esse problema afeta o amor próprio para mais de um quarto dos homens (25,8%) e das mulheres (25,9%), um pouco mais de um quinto da amostra (22,4% dos homens e 21,8% das mulheres) afirma que a situação interfere também no relacionamento com o parceiro.  Em média, os entrevistados de toda a amostra tiveram três parceiros sexuais importantes em toda a vida.

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Eles começam mais cedo

Para a maioria dos entrevistados, o início da vida sexual se deu entre os 15 e os 18 anos de idade, tanto entre os homens (57,6%) como entre as mulheres (50,7%). Assim, a média de idade na primeira relação foi de 17,7 anos. Mas, na divisão por gênero, é possível notar que os garotos iniciam a atividade sexual quase dois anos antes, em média aos 16,9 anos, ante 18,4 anos para as mulheres.

Já no início da vida sexual é possível perceber diferenças marcantes entre os comportamentos sexuais masculinos e femininos. Se 75,5% das mulheres tiveram a primeira relação com o namorado, apenas 40,8% dos homens o fizeram. Além disso, se 47,8% das mulheres disseram que a primeira relação foi pior do que imaginaram ou muito ruim, essa percepção cai para 25,5% entre os homens.

Enquanto a porcentagem de iniciação sexual envolvendo profissionais do sexo é zero para a amostra feminina, esse índice chega a 11,4% entre os homens.  Mudanças na presença da garota de programa como primeira parceira sexual também denotam transformações de comportamento ao longo das gerações. Isso porque a referência a profissionais do sexo nesse período de iniciação é gradativamente maior entre as faixas mais velhas, como demonstra a tabela abaixo:

 

 

Total 18 a 25 26 a 40 41 a 50 51 a 60 61 e 70
Total 3.000 790 1.239 478 406 86
Garota(o) de programa 5,8 1,5 4,1 9,0 13,8 15,1
Amiga(o) 21,5 19,1 22,9 22,2 20,7 22,1
Namorada(o) 57,8 57,8 59,6 55,9 55,7 53,5
Prima(o) 3,8 2,7 4 5,2 3,4 4,7
Desconhecida(o) 6,5 5,2 7,7 7,1 5,4 4,7
Ainda não faço sexo 4,4 13,5 1,6 0,4 1,0 0
Prefiro não responder 0,1 0,1 0,1 0,2 0 0

 

Erotismo e autoestimulação

Quando se trata de estímulos à excitação, novamente o comportamento feminino é menos pronunciado. De acordo com os dados da pesquisa, cerca de 40% das mulheres do país não se masturbam e, dessas, quase uma em cada cinco mulheres (19,5%) nunca experimentou a prática. Já entre os homens, apenas 17,3% não se masturbam e 82,7% adotam essa forma de prazer.

Em relação aos estímulos sexuais visuais, por meio da visualização de conteúdo erótico na internet, quase metade das mulheres (45,2%) afirma que nunca acessa esse tipo de material, ante 20,8% dos homens. Em contrapartida, quando se trata do acesso frequente, as porcentagens são de 33,8% para o grupo masculino e de 9,7% entre a parcela feminina. De modo geral, contudo, a maioria dos homens e também das mulheres já buscou conteúdo dessa categoria na internet e o comportamento é predominante na faixa etária que vai dos 26 aos 40 anos de idade.

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