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“P. I. — Panorâmica Insana”: cenas de um tempo absurdo

Bia Lessa dirige o drama protagonizado por Claudia Abreu, Leandra Leal, Luiz Henrique Nogueira e Rodrigo Pandolfo

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 19 jun 2018, 14h37 - Publicado em 12 jun 2018, 13h16
Leandra Leal, Luiz Henrique Nogueira, Claudia Abreu e Rodrigo Pandolfo (João Caldas/Divulgação)
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No ano passado, a diretora Bia Lessa levou ao palco uma monumental adaptação do romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. É natural, mesmo para uma artista consagrada, que seu trabalho seguinte venha cercado de expectativas e exigências.

O drama P. I. — Panorâmica Insana, concebido com base em textos de Jô Bilac, Julia Spadaccini e André Sant’Anna, além de citações de Franz Kafka e Paul Auster, é uma eficiente colagem de cenas que espelham o caos, a intolerância e o clima depressivo que devasta a sociedade.

Para tanto, Bia se cercou de atores capazes de reverter fragilidades dramatúrgicas. E, assim, Claudia Abreu, Leandra Leal, Luiz Henrique Nogueira e Rodrigo Pandolfo sustentam o interesse do público e alcançam interpretações eficientes ou marcantes, no caso de Pandolfo e, principalmente, de Leandra.

+ Leia crítica de Grande Sertão: Veredas.

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Milhares de roupas se espalham pelo chão e, na abertura, o quarteto oferece um rodízio de personagens em um jogo frenético com ares de improviso. Destaque do elenco, uma madura Leandra arrebata desde os primeiros minutos, com a história tragicômica de uma mulher que se alimenta das próprias fezes. Claudia, sem dizer uma palavra e muito expressiva, valoriza a personagem que tenta encontrar um parceiro no baile, enquanto Nogueira tem o melhor rendimento na pele do melancólico velho que acompanha o mundo pela janela.

Pandolfo tira proveito do trabalho corporal ao longo da montagem, mas vive o auge na reta final. Como o gaúcho decepcionado com o futebol e doutrinado pela religião, o ator transita entre o cômico e o absurdo em um tipo de registro que poderia ter sido mais explorado nesse conjunto de cenas insanas e, logo, nonsense (75min). 16 anos. Estreou em 1º/6/2018.

+ Teatro Novo. Rua Domingos de Morais, 348, Vila Mariana. Sexta e sábado, 21h; domingo, 18h. R$ 50,00 (sex.) e R$ 70,00 (sáb. e dom.). Até 29 de julho.

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