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O peso da memória em “Nem um Dia Se Passa sem Notícias Suas”

Ao lado de Jô Bilac e Pedro Brício, a autora Daniela Pereira de Carvalho, de 34 anos, forma a tríade das principais revelações da dramaturgia carioca – e provavelmente brasileira – na última década. Com mais de uma dezena de textos encenados, ela se destaca por um versátil e profundo olhar, principalmente em referência ao […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 27 fev 2017, 12h29 - Publicado em 14 Maio 2012, 17h20

Edson Celulari e Pedro Garcia Netto: interpretações apenas convincentes para texto desafiador (Foto: Camilla Coutinho)

Ao lado de Jô Bilac e Pedro Brício, a autora Daniela Pereira de Carvalho, de 34 anos, forma a tríade das principais revelações da dramaturgia carioca – e provavelmente brasileira – na última década. Com mais de uma dezena de textos encenados, ela se destaca por um versátil e profundo olhar, principalmente em referência ao universo masculino.

O monólogo biográfico “Renato Russo”, o musical sobre a dupla Tom Jobim e Vinicius de Moraes e, principalmente, “Por Uma Vida Menos Ordinária”, montada por Eduardo Moscovis, são exemplos. Em cartaz no Teatro Cultura Artística Itaim, o drama “Nem um Dia Se Passa sem Notícias Suas” prova a capacidade de Daniela para transformar um ponto de partida convencional em uma ousada construção dramatúrgica. Surpreendente para o espectador e desafiadora para os atores, a trama foge da linearidade de um conflito familiar e traça uma reflexão sobre a morte.

Edson Celulari interpreta o cirurgião cardíaco Joaquim, que acaba de perder o pai e precisa se desfazer da casa herdada. O irmão caçula, Juliano (vivido por Pedro Garcia Netto, sobrinho de Celulari), questiona a objetividade com a qual o mais velho enfrenta o momento doloroso. Nesse embate entra em cena ainda o filho adolescente do médico, Miguel (também representado por Garcia Netto). As relações humanas mais próximas, antes relegadas ao segundo plano pelo protagonista, viram o centro da ação.

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Sob a direção de Gilberto Gawronski, a montagem embarca no jogo do texto de Daniela para ludibriar a plateia. A discussão de valores inicial pede apoio ao lirismo apoiado em uma trilha sonora sentimental e, muitas vezes, facilitadora demais. Garcia Netto e, principalmente, Celulari pouco ousam na condução de Juliano e Joaquim, entregando uma despretensão interpretativa que não combina com o peso da situação dramática.

A chegada à cena do filho adolescente marca não apenas o ponto de virada da história, mas também a justificativa das intenções de Gawronski e da dupla de atores.  A parte inicial resulta pouco envolvente, mas se uma profundidade maior fosse explorada a revelação da metade da peça perderia força. Os atores também teriam seu caminho limitado e poderiam cair no exagero e até na pieguice. Nesse controle, Celulari não alça voo, mas imprime certa solidão ao seu personagem. Garcia Netto, no entanto, surpreende na diferenciação de Juliano e Miguel, principalmente por contar com mínimos recursos para diferenciar um do outro para o espectador.  Concessões e convenções à parte,  o texto de “Nem um Dia Se Passa sem Notícias Suas” apresenta-se maior que sua montagem. E a dramaturgia sempre fica.

https://vejasp.abril.com.br/teatro/nem-um-dia-se-passa-sem-noticias-suas

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