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“O Bom Canário” e o choque do individualismo

Espalhou-se uma máxima na cena paulistana recente de que o público só aceita comédias e musicais. Logo, os produtores já demonstram desânimo diante de textos mais densos, pois o retorno de bilheteria torna-se arriscado. No Rio de Janeiro, pasmem, essa ideia não parece tão disseminada. Pelo menos em relação aos espetáculos de lá que chegam […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 10 set 2024, 17h08 - Publicado em 9 jun 2012, 15h08
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Flávia Zillo e Joelson Medeiros no perturbador drama “O Bom Canário” (foto: Paula Kossatz)

Espalhou-se uma máxima na cena paulistana recente de que o público só aceita comédias e musicais. Logo, os produtores já demonstram desânimo diante de textos mais densos, pois o retorno de bilheteria torna-se arriscado. No Rio de Janeiro, pasmem, essa ideia não parece tão disseminada. Pelo menos em relação aos espetáculos de lá que chegam até nós. Barra pesadíssima sob uma embalagem delicada, o drama “O Bom Canário”, adaptação de Mauro Lima para peça do americano Zacharias Helm, é uma montagem carioca capaz de perturbar o espectador até fazê-lo dar saltos da poltrona do Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura.

Tendo como ponto de partida um conflito de casal, a trama volta-se para um intricado jogo de submissão, fragilidade e individualismo. Jack (o ator Joelson Medeiros) é um romancista promissor que tenta diariamente superar um pesado obstáculo: livrar sua mulher, Annie (papel de Flávia Zillo), do vício da anfetamina. Ao mesmo tempo, questiona a superficialidade do mundo artístico e literário, transformado em um poderoso mercado, e a falta de ética de muitos ao abrir mão de princípios em nome do sucesso.

Sob a direção limpa da dupla Rafaela Amado e Leonardo Netto e supervisão geral de Camilla Amado, a montagem aposta nos elementos básicos para envolver o espectador. O texto muito bem construído e surpreendente a cada cena é valorizado ao extremo pela dupla protagonista.  Com uma entrega vigorosa, Flávia Zillo imprime com garra os atos e baixos da personagem, indo da delicadeza até a agressividade, sem tropeçar em exageros possíveis na caracterização de uma drogada. Joelson Medeiros, por sua vez, é o contraponto perfeito entre a angústia e o remorso, atingindo seu ápice no emocionante e esclarecedor monólogo final. Érico Brás, Leandro Castilho, Marcos Ácher, Roberto Lobo e Sara Freitas completam o elenco uniforme e fundamental – mesmo em participações rápidas – para a perfeita execução da trama. O público certamente não vai sair leve, mas alimentado de bom teatro. E, no final das contas, é isso que importa, não?

 

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