“Dostoiévski-Trip”: Cibele Forjaz e a viagem sem volta
A montagem exige do público uma bagagem literária capaz de limitar bastante a compreensão
A diretora Cibele Forjaz reuniu no drama Dostoiévski-Trip um time de oito atores da Mundana e da Cia. Livre, com quem, na maioria, está acostumada a trabalhar. O mote é o texto do russo Vladímir Sorókin, inédito por aqui, que oferece uma interessante premissa. O gosto pela literatura desenvolve o cérebro, mas também torna as exigências do mundo real insuportáveis para os mais críticos. Na ação, um grupo de viciados espera ansiosamente por um traficante, munido de uma nova droga. Eles conversam sobre as maravilhas proporcionadas pelas palavras de Kafka, Pushkin e Cervantes.
A chegada da encomenda os transporta para o mundo de Dostoiévski, e a montagem caminha para uma trilha intertextual que, inicialmente, reproduz passagens de O Idiota, clássico do romancista levado ao palco por Cibele em 2010. A encenação, impactante visualmente, enche os olhos da plateia, com a iluminação de Alessandra Domingues e os cenários e figurinos de Simone Mina.
É exigida do público, no entanto, uma bagagem literária capaz de limitar bastante a compreensão. Mesmo a parte final, que propõe um pertinente diálogo social sobre as desigualdades da cidade, não se consuma plenamente por escolher caminhos abstratos e de impacto reduzido. Aury Porto, Marcos Damigo e Sergio Siviero se destacam no elenco, completado por Edgar Castro, Guilherme Calzavara, Luah Guimarãez, Lúcia Romano e Vanderlei Bernardino (120min). 16 anos. Estreou em 28/10/2017.
+ Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil. Rua Álvares Penteado, 112, centro. Segunda, sexta e sábado, 20h; domingo, 19h. R$ 20,00. Até 18 de dezembro.