Aos 50 anos, o Teatro Aliança Francesa busca reconquistar o público e o prestígio perdidos
Logo que o blog entrou no ar, lá por abril de 2012, eu fiz um post dedicado ao Teatro Aliança Francesa. Ok, tenho um carinho especial por ele e não sei exatamente a razão. O fato é que não me conformo em ver uma sala tão legal completamente renegada em meio a uma agenda disputada […]
Logo que o blog entrou no ar, lá por abril de 2012, eu fiz um post dedicado ao Teatro Aliança Francesa. Ok, tenho um carinho especial por ele e não sei exatamente a razão. O fato é que não me conformo em ver uma sala tão legal completamente renegada em meio a uma agenda disputada por produtores e público. O Aliança fica ali na General Jardim, entre a Rego Freitas e a Bento Freitas, a uma quadro do Minhocão, e talvez esse seja o problema. São 210 confortáveis poltronas, tem estacionamento na frente e um bom café. Só precisa de uma programação contínua, de qualidade e que intercale interesse popular com algumas peças, digamos, mais cabeça.
O Aliança foi inaugurado naquele barra-pesada março de 1964, logo acaba de virar um cinquentão. Os dias foram ficando mais e mais complicados. Ninguém, no entanto, naquela época, jogou a toalha. Paulo Autran, Juca de Oliveira, Lilian Lemmertz, Marília Pêra, Antonio Fagundes e tantos outros fizeram temporadas vitoriosas por lá. O grupo Tapa, de Eduardo Tolentino de Araújo, chegou a ocupá-lo por mais de uma década a partir de 1987 com filas e mais filas na bilheteria. E o Minhocão já estava enfeiando as redondezas.
O segundo semestre pode ser decisivo para o Aliança Francesa reencontrar o público perdido. Para marcar seu meio século, a sala preparou uma programação vinda diretamente do seu país de origem e de outros que partilham a mesma língua. Para 27 de agosto está prometida a festa de abertura dessa agenda com a tragicomédia “Não se Brinca com o Amor”, escrita por Alfred de Musset e dirigida por Anne Kessler, integrante da Comédie Française. Um grupo de atores brasileiros encenará o texto em temporada que deve ir de 5 de setembro a 26 de outubro. A peça conta a história de Camille e Perdican, dois jovens predestinados ao casamento na maioridade.
Vindo realmente de fora é “Contos sobre Mim – Contes Sur Moi”, coprodução canadense com direção de Julie Vincent, que ganha sessões em 29 e 30 de agosto. No palco, seis cenas curtas apresentam pares de personagens que vivem em cinco décadas diferentes do século XX. Em única apresentação, em 2 de setembro, chega o espetáculo “Pièces Montées – Le Jour de la Noce e Les Brumes du Lendemain’’. Montagem do Théâtre Amazone, de La Rochelle, a peça tem direção e adaptação de Laurence Andreini livremente inspirada em uma penca de dramaturgos. São eles Bourvil, Bertolt Brecht, Jean-Luc Lagarce, Harold Pinter e Edward Albee, entre outros. A trama narra as etapas mais emocionantes da experiência de um casal a partir do momento da escolha de sua união. Diretamente de Paris, La Compagnie Théâtre des Hommes faz apresentação única em 7 de outubro de “Où on va, Papa?’’. Com direção de Layla Metssitane, o espetáculo é inspirado no livro do escritor Jean-Louis Fournier e injeta uma dose de humor negro em um conto de fadas às avessas. Na trama, relatos de um pai com seus filhos portadores de necessidades especiais.
Para fechar o ciclo comemorativo, um grande sucesso do Teatro Aliança Francesa volta aos palcos. Trata-se de uma remontagem do monólogo “Muro de Arrimo”, protagonizado por Antonio Fagundes e dirigido por Antonio Abujamra em 1975. Desta vez será o ator Fioravante Almeida quem vai interpretar o pedreiro Lucas na peça de Carlos Queiroz Telles (1936-1993) em montagem comandada por Alexandre Borges. Além disso um ciclo de leituras encenadas da obra de Telles contará com a participação dos atores Sergio Guizé, Camila Turim e Maximiliana Reis. Talvez não seja ainda dessa vez que o Aliança Francesa vá reencontrar o público e o prestígio, mas pelo menos eles não estão entregando os pontos.