Escuta só
Em 1980, a língua afiada de Frank Zappa amaldiçoou: “a maior parte do jornalismo de música é feito por pessoas que não sabem escrever entrevistando pessoas que não sabem falar para pessoas que não sabem ler”, disse ele certa vez. Para nossa sorte, ele colocou a ressalva “a maior parte”. Sendo assim, podemos desmenti-lo nas […]
Em 1980, a língua afiada de Frank Zappa amaldiçoou: “a maior parte do jornalismo de música é feito por pessoas que não sabem escrever entrevistando pessoas que não sabem falar para pessoas que não sabem ler”, disse ele certa vez.
Para nossa sorte, ele colocou a ressalva “a maior parte”. Sendo assim, podemos desmenti-lo nas três afirmações.
Entre os que se aventuraram a escrever sobre música (música pop, bem entendido), se destacaram Robert Christgau, Lester Bangs, Greil Marcus, Philip Norman e um sem número de outros escritores de talento, que deram contexto e unidade de sentido a todo um movimento cultural ao longo de décadas.
Também há entre os músicos grandes entrevistados. Uma breve anedota que confirma isso: nos anos 80, auge da troca de farpas entre Mick Jagger e Keith Richards, perguntaram para o guitarrista: “when will you stop bitching about Mick Jagger?”, algo como “quando você vai parar de falar mal de Mick Jagger?”. De pronto e com a rispidez que lhe é característica, ele respondeu: “ask the bitch” ou, mal traduzindo, “pergunte à %$#&”, num trocadilho que só funciona mesmo em inglês. Tenho certeza que Sartre não pensaria numa resposta tão boa.
Por fim, com as redes sociais, quem se interessa pelo assunto se mostra cada vez mais exigente e embasado, não se furtando a debater com os que escrevem sobre música e se arriscando eles mesmos a falar sobre o que gostam e o que não gostam em páginas próprias.
Dito isso, me pergunto: o mundo precisa de mais um blog de música? Não, não precisa. Mas sempre haverá algo de relevante a ser dito, ainda mais em tempos de ideias tão férteis e artistas tão ousados no underground e no mainstream. Pois este espaço será reservado a falar sobre tudo o que acontecer de interessante nessa esfera, independente de gêneros, rótulos ou nacionalidades.
Para encerrar a enxurrada de citações: “sem música, a vida seria um erro”, assim falou Nietzsche. Que essa seja uma contribuição para que a vida seja um tanto mais acertada.