Carol Duarte fala sobre ‘La Chimera’, Josh O’Connor e Cannes
Atriz conversou com a Vejinha sobre estreia no cinema internacional com longa da italiana Alice Rohrwacher
Carol Duarte está em cartaz nos cinemas com o longa italiano La Chimera, seu primeiro filme internacional. Na obra da cineasta Alice Rohrwacher (Lazzaro Felice, 2018), a paulista de 32 anos é a batalhadora Itália, uma brasileira em busca de seus sonhos no país mediterrâneo.
A personagem desenvolve uma relação de afeto com o protagonista Arthur (Josh O’Connor), um ladrão de túmulos em busca do amor perdido, Beniamina (Yile Yara Vianello). Itália é acolhida pela mãe da moça, Flora (Isabella Rossellini) e lá conhece Arthur. O longa concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes 2023.
Essa, porém, não a primeira participação de Carol no evento francês. Ela foi à competição em 2019 com A Vida Invisível, produção bra- sileira do diretor Karim Aïnouz, vencedora da mostra Um Certo Olhar, e que marcou a estreia dela nos cinemas. Nessa obra, ela interpreta a protagonista Eurídice, papel que divide com Fernanda Montenegro.
Em janeiro deste ano, a atriz esteve no Festival Sundance de Cinema, nos EUA, com o longa Malu, de Pedro Freire, e, atualmente, participa dos ensaios de O Tempo da Delicadeza, novo filme de Eduardo Nunes, cujas filmagens se iniciam ainda neste mês.
3 perguntas para Carol Duarte
Como surgiu a oportunidade de participar de La Chimera?
A diretora de fotografia Hélène Louvart também estava na equipe de A Vida Invisível. Ela fez a ponte entre mim e a Alice (Rohrwacher). Foi tudo bem às pressas. Fui aprovada no teste e tive que reorganizar toda a minha vida. em cerca de dez dias já estava na Itália. Gravamos em dois momentos. Primeiro, no inverno italiano, em janeiro, fevereiro e março. Retornei à Itália para terminar o filme em agosto, setembro e outubro. Acho importante a Alice ter optado por essa divisão. As roupas, as paisagens, as pessoas mudam muito na Itália com a passagem das estações.
Qual foi o momento mais marcante das filmagens?
A cena em que a Itália se abre por meio da dança foi um momento gostoso de fazer. A Alice dirigiu de um jeito sensível e bonito. A personagem tem essa característica de ser sutil e equilibrar o cômico e o dramático, de olhar para o mundo presente e ver o que é possível para ela. Em contrapartida ao personagem do Josh, conectado ao mundo subterrâneo, procurando algo que não acha. Ele e a Itália são forças de contraponto.
Como vê a projeção de filmes brasileiros nos festivais internacionais de cinema?
É muito importante. Revela que fazemos um cinema em diálogo com o mundo. A Vida Invisível teve uma carreira muito bonita. Fala do Rio de Janeiro da década de 50, mas dialoga com o que se fala hoje sobre o espaço da mulher na sociedade. O Malu também. É um filme íntimo, mas com um tema universal. São três gerações de mulheres que tentam conviver. O Brasil tem hiatos de governo que tiram mais ou menos dinheiro público da produção cinematográfica. É muito importante termos essa vitrine internacional e estar em grandes festivais todo ano. Em Cannes, por exemplo. É bonito ver.
Publicado em VEJA São Paulo de 3 de maio de 2024, edição nº 2891.