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Filmes e Séries - Por Mattheus Goto

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Anna Muylaert: “Com sucesso financeiro, senti mais pressão do machismo”

Diretora acaba de lançar ‘O Clube das Mulheres de Negócios’, que tem como premissa a inversão dos papéis de gênero

Por Mattheus Goto
30 nov 2024, 10h00
Anna-Muylaert
A cineasta Anna Muylaert (Glesson Paulino/Divulgação)
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Uma voracidade fatal domina O Clube das Mulheres de Negócios. O novo filme de Anna Muylaert tem como premissa a inversão dos papéis de gênero: são as mulheres que abusam do poder e dos homens, que por sua vez ocupam uma posição submissa.

O “fotógrafo homem” Jongo (Luís Miranda) e o repórter novato Candinho (Rafael Vitti) vão ao clube que dá nome ao longa para passar um dia com as tais mulheres e produzir uma reportagem.

Um grande elenco dá vida às matriarcas, das quais ganham destaque pelas performances a presidente Cesárea (Cristina Pereira), a criminosa Norma (Irene Ravache), a latifundiária Yolanda (Grace Gianoukas) e a cantora de funk Kika (Polly Marinho).

A tensão é potencializada quando as onças de estimação escapam das gaiolas.

Anna Muylaert demonstra o poder da autoralidade. Leia a seguir trechos da entrevista com a cineasta.

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Como surgiu a ideia?

No final de 2015, quando estava divulgando Que Horas Ela Volta? pelo mundo, à medida que eu tinha mais sucesso financeiro, mais sentia a pressão do machismo. Como se o dinheiro permitisse mais acesso aos homens. Fiquei me sentindo injustiçada. Mas não era só eu, as mulheres estavam inflamadas. Tanto é que em 2017 teve o #MeToo. Quando explode, é tipo: “A gente não aguenta mais fazer o trabalho e não ter o reconhecimento”. Foi dessa mesma inflamação que nasceu esse filme.

Por que esse momento refletiu na arte dessa forma?

Acho que aconteceu no inconsciente coletivo feminino de surgir a mesma ideia. Muitas artistas trabalharam essa inversão, que no fundo era uma vontade de mostrar para os homens o que é educação de gênero.

Que fatores tem em comum com seus outros filmes?

É parente do Durval (Discos), por ter um lado “A” e “B”, e tem a ver com o Que Horas, por falar de classe. Mas é único, no tom, no sarcasmo. É delirante e incômodo.

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Publicado em VEJA São Paulo de 29 de novembro de 2024, edição nº 2921

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