‘Ela Disse’ reforça papel do jornalismo e apresenta o início do #MeToo
Filme narra todo o processo da reportagem do The New York Times que denunciou o produtor Harvey Weinstein, em 2017
✪✪✪ O movimento #MeToo, que atua contra o assédio sexual no mundo todo, foi impulsionado por uma publicação específica em outubro de 2017. O jornal The New York Times expôs uma série de denúncias contra o produtor Harvey Weinstein, vencedor do Oscar que há décadas vivia no centro de Hollywood.
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Respeitado por atores, atrizes e profissionais do cinema, ele era praticamente intocável até tudo vir à tona. Suas violências verbais, sexuais e mentais impactaram as vidas de dezenas de mulheres. E, como em toda história relevante o suficiente para alcançar um público amplo, o filme Ela Disse, em cartaz nos cinemas, narra o extenso processo de apuração do artigo.
As jornalistas Jodi Kantor e Megan Twohey são interpretadas com muito cuidado por Zoe Kazan e Carey Mulligan, respectivamente. E a essência do longa dirigido pela alemã Maria Schrader está justamente em cada etapa do trabalho jornalístico. Os desafios, as ameaças e a insegurança das profissionais escancaram um sistema perigoso, que encobriu Weinstein e o deixou impune por tantos anos. Afinal, o produtor não estava sozinho e mais pessoas estavam envolvidas para ajudá-lo.
As vítimas ficaram em silêncio e, mesmo após acordos financeiros, nunca se sentiram seguras o suficiente para denunciar em público. Ela Disse traz um ritmo excelente durante a investigação, indo além do drama – e ressalta o esforço do jornal para publicar o texto de forma justa, ouvindo todos os lados. No entanto, deixa de fora essas figuras misteriosas que têm, sim, responsabilidade em um dos casos mais notórios da indústria cinematográfica.
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Publicado em VEJA São Paulo de 21 de dezembro de 2022, edição nº 2820