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Como a inteligência emocional me ajudou a ter coragem para ser feliz

Denize Savi, jornalista especializada em ciência da felicidade, conta como, aos 42 anos de idade, aprendeu a lidar com suas próprias emoções

Por Denize Savi, em depoimento a Helena Galante
1 abr 2022, 06h00

“Ah, se eu tivesse aprendido a lidar com as minhas emoções desde criança!”

Começo este artigo com um suspiro melancólico de quem, a duras penas, no alto dos seus 42 anos, está começando a entender o que é inteligência emocional.

Somos de uma geração — assim como nossos pais, os pais deles — que, de modo geral, nunca foi ensinada a compreender os sentimentos e administrá-los. A maioria de nós não pôde sentir verdadeiramente e expressar as próprias emoções. Crescemos tentando disfarçar o sofrimento, represando a raiva, fugindo do tédio. E isso tem um custo muito alto para nossa saúde mental. Uma hora a conta vem.

Para entender esse contexto, imagine a seguinte cena: uma mãe e uma criança pequena em um shopping. A criança berrando, aos prantos, porque quer um brinquedo. A mãe, constrangida pelos olhares julgadores, cede ao pedido da criança e compra o brinquedo para ela parar de chorar.

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Agora imagine essa mesma situação com outra família, mas, em vez de fazer o que a criança quer, a mãe (ou pai) manda o filho calar a boca e ameaça colocá-lo de castigo.

Em nenhuma das duas situações o pai, ou a mãe, se abaixou na altura dos olhos da criança e explicou amorosamente que aquela sensação ruim que ela estava sentindo se chama frustração e que frustração é o que sentimos quando algo que queremos não acontece. E, depois de explicar, deixou a criança chorar, sentir e se expressar até que a sensação ruim passasse. Sim, a maternidade/paternidade é um exercício de paciência. O tédio, a frustração, a raiva são emoções importantes, tanto quanto alegria, surpresa, calma, empatia.

Ah, então é culpa dos nossos pais o fato de que não sabemos lidar com as nossas emoções? Claro que não. Eles não tinham conhecimento sobre o assunto para saber lidar com as próprias emoções e com as situações desafiadoras. Apenas repetiam padrões e crenças, assim como a maioria das pessoas ainda faz mesmo nos dias de hoje com tanto acesso à informação.

A capacidade de lidar com as próprias emoções é uma habilidade que pode ser aprendida. É a tal da inteligência emocional. Se pesquisarmos o tema no Google, logo aparecerá Daniel Goleman. O psicólogo, escritor e Ph.D. da Universidade de Harvard é considerado o pai da inteligência emocional. Em um de seus livros mais famosos, Inteligência Emocional: A Teoria Revolucionária que Redefine o que É Ser Inteligente, Goleman explica que a inteligência emocional é alcançada a partir do momento que o indivíduo consegue adquirir equilíbrio entre razão e emoção. É quando ele aprende a lidar com si mesmo, com os outros e com as situações adversas. E uma das ferramentas poderosas para empreender um caminho de evolução é o autoconhecimento.

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Antes de tudo é preciso investigar a própria vida para saber como lidar com os percalços. Cada ser humano é único, com suas dores, seus traumas, suas crenças, moldado pela cultura de onde veio, pelas coisas que ouviu, viu e experienciou.

A famosa inscrição “Conhece-te a ti mesmo” no Templo de Apolo, em Delfos, na Grécia antiga, é o maior desafio da vida humana. Autoconhecimento demanda muito mais que disposição, é necessário planejamento e disciplina. A maioria das pessoas segue pela vida sem conhecer a si mesmo. Muitas vezes é preciso passar por um trauma para “despertar para a vida”.

Aos 38 anos eu me vi diante de uma decisão difícil: continuar em um casamento para não magoar/decepcionar os outros ou me separar e me dar uma segunda chance de ser feliz.

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Eckhart Tolle no livro O Poder do Agora diz o seguinte: se uma situação te faz infeliz você tem três possibilidades. A primeira é tentar mudar a situação. Não deu? Saia da situação. Não quer sair? Aceite-a como ela é.

Eu decidi sair da situação. Mas foi preciso, primeiro, revisitar minha própria história, investir num árduo caminho de autoconhecimento para entender, entre outras coisas, por que eu renunciava às minhas vontades e colocava o interesse dos outros antes dos meus.

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Descobri nessa caminhada que eu tinha (ou melhor, ainda tenho) um desejo profundo de ser aceita, de ser querida. Mas naquela situação (e em tantas outras) isso me impediu de me apropriar da minha felicidade.

Foi com muita terapia e estudos sobre comportamento e emoções que adquiri inteligência emocional para saber lidar com situações difíceis. Foi assim que consegui ter coragem de dizer sim para mim e passei a buscar viver com plenitude a segunda metade da minha vida.

Ah, se eu tivesse aprendido a lidar com as minhas emoções desde criança!

Denize é uma mulher branca e magra, de cabelos lisos e loiros. Ela está sentada, usa um longo vestido laranja e sorri para a foto
Denize Savi é jornalista especializada em ciência da felicidade e chief happiness officer com MBA em psicologia positiva, neurociência e comportamento (Iude Richele/Divulgação)

A curadoria dos autores convidados para esta seção é feita por Helena Galante. Para sugerir um tema ou autor, escreva para hgalante@abril.com.br

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Publicado em VEJA São Paulo de 6 de abril de 2022, edição nº 2783

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