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Por Arnaldo Lorençato
O editor-executivo Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também é autor do Cozinha do Lorençato, um podcast de gastronomia, e do Lorençato em Casa, programa de receitas em vídeo. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Le Coq Hardy em lotes do “família vende tudo”

  Preste atenção na foto acima. Os pratinhos de sobremesa são de um restaurante que não existe mais: o Le Coq Hardy. Inaugurado em 1977, foi um dos grandes endereços franceses da cidade. Enfrentou uma lenta agonia até fechar definitivamente no fim de agosto de 2009. Em 2010, o mesmo o ponto no número 461 […]

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Atualizado em 27 fev 2017, 13h18 - Publicado em 15 abr 2011, 00h45

 

Pratos de sobremesa e pires do Le Coq Hardy (Foto: Arnaldo Lorençato)

Preste atenção na foto acima. Os pratinhos de sobremesa são de um restaurante que não existe mais: o Le Coq Hardy. Inaugurado em 1977, foi um dos grandes endereços franceses da cidade. Enfrentou uma lenta agonia até fechar definitivamente no fim de agosto de 2009. Em 2010, o mesmo o ponto no número 461 da Rua Jerônimo da Veiga foi ocupado pela casa turca Kosebasi, que não durou um ano.

Sábado passado (9 de abril), quando estava indo almoçar em um restaurante na vizinha Rua Amauri, passei em frente ao Le Coq Hardy-Kosebasi e notei um movimento diferente. Parei o carro na hora. Uma dessas equipes especializadas em “família vende tudo” estava queimando o acervo de louças, talheres e objetos que pertenceram aos dois restaurantes. Não resisti. Comprei meia dúzia de pratos de sobremesa com o logo Le Coq Hardy. As vendas se encerraram naquela tarde.

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Petit gâteau com sorvete de Erick Jacquin (Foto: Thais Gouveia)

Neles, certamente, foram servidos doces como o petit gâteau (confira a receita aqui), que o restaurante ajudou a celebrizar. Trata-se de um bolinho quente de chocolate de recheio líquido, uma daquelas delícias que devem ter surgido de um erro na cozinha. Provavelmente, foi tirado do forno antes da hora e o resultado, em vez de um desastre, mostrou-se primoroso. Impossível cortar aquela casquinha fina e não se render à lava de chocolate morna que escorre pelo prato.

Conta-se que a receita foi criada pelo chef francês Jean-Georges Vongerichten, no restaurante JoJo de Nova York, e trazida à cidade por Luiz Cintra, hoje, dono do St. Louis. Mas chegou à versão ideal nas mãos do francês Erick Jacquin, do La Brasserie Erick Jacquin, quando ele era chef do Le Coq Hardy. Infelizmente, ganhou variações muito ruins, algumas industrializadas.

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Voltando ao falecido restaurante, ele foi uma invenção do empresário italiano Vincenzo Ondei. Nasceu numa casa de esquina e ficava pertinho da feiosa estátua do Borba Gato. Nessa época, o chef era o cearense José Pereira de Souza. Especialista em escargots, ele acertava na clássica versão à provençal e num ravióli de massa delicada. Também tinha muitos fãs o suflê preparado com licor Grand Marnier.

Como o Le Coq Hardy ficava distante do eixo gastronômico mais central, Ondei o transferiu para o Itaim em 1994. Fez um baita sucesso, reforçado com a chegada de Jacquin no ano seguinte. Depois da saída do cozinheiro em 1999, o restaurante começou a definhar. Fiquei contente por ter resgatado alguns pratos que testemunham o passado de glória do “galo atrevido”.

Em vez de encerrar melancolicamente essa história, deixo aqui uma tentadora receita de lagostins gratinados na manteiga de alecrim. É uma entradinha, criada por Pascal Valero, do Kaá, que foi o último dos grandes chefs do Le Coq Hardy.
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