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Vila Madalena tem falha na dispersão e recebe grades

Polícia Militar precisou usar spray de pimenta para espantar foliões da Rua Fradique Coutinho

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
28 fev 2017, 09h48

O palco montado pela gestão João Doria (PSDB) no Largo da Batata, em Pinheiros, para atrair o público de bloquinhos e esvaziar ruas residenciais da região, não impediu que a Vila Madalena tivesse barulho, bebida e festa até mais tarde. Mais livres do que em edições anteriores, os foliões permaneceram nas vias, algumas delas com tráfego de veículos, e só saíram quando o caminhão da limpeza começou a soltar jatos d’água, após a meia-noite.

Diante de reclamações, a gestão decidiu bloquear, com grades, a entrada de foliões em algumas áreas da região. A Secretaria Municipal de Cultura havia informado no dia 13 que não haveria bloqueios. A situação ocasionou tumulto nesta segunda (27), no cruzamento da Rua Fradique Coutinho com a Inácio Pereira da Rocha, e a Polícia Militar usou spray de pimenta para dispersar as pessoas.

Para atender a reclamações de moradores, incomodados com barulho e sujeira, a administração municipal havia definido que os blocos na área da Subprefeitura de Pinheiros encerrassem a festa mais cedo, para que a dispersão ocorresse até as 20 horas. Moradora da Rua Aspicuelta, a manicure Ivone Fernandes, de 68 anos, reclama do barulho até mais tarde. “Este ano está um inferno, piorou muito” afirma. “No sábado, um bloco ficou tocando até meia-noite. Liguei no 156, da Prefeitura, mas a gente não consegue falar com ninguém.”

A pedagoga Lourdes Machado, de 68, também desaprova não haver dispersão. “Ninguém consegue dormir com o carnaval na porta”, afirma. “Já tentamos falar com a Polícia Militar, a Civil, a CET a Prefeitura… ninguém faz nada.” A aposta da Prefeitura era que shows como de Tulipa Ruiz, no sábado (25), e Elza Soares, na segunda (27), no Largo da Batata, além de atrações de peso em outro palco no Vale do Anhangabaú, no centro, concentrassem a folia.

Mesmo sem a música dos trios, no entanto, os foliões da Vila Madalena providenciaram a batucada, com atabaque, tamborim, pandeiro e coros, e alongaram a festa às vistas de policiais militares que faziam patrulhas e cordões em pontos estratégicos. “O pessoal está fazendo a festa por conta própria, não tem hora para acabar”, disse o cabeleireiro Ronald Lucas Santos, de 19 anos.

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Acompanhado da namorada, o analista de marketing Carlos Romano, de 25 anos, chegou à Vila Madalena após as 21 horas, vindo de Itaquera, na zona leste. “Aqui é uma região mais movimentada”, disse. “Mas também precisa ter consciência com moradores. A gente vai embora no máximo às 23 horas.”

Dezenas de pessoas também ocupavam a Rua Wisard, no cruzamento com a Fradique. Uma caixa de som garantiu a folia até as 22 horas, quando um grupo de policiais pediu para desligá-la.

Nesse horário, garis iniciaram a varrição, mas a rua só era desocupada na medida em que a limpeza avançava – forçando as pessoas ou a migrarem para locais onde as equipes da Subprefeitura ainda não haviam chegado ou a voltar para casa. Às 22h30, por exemplo, vários foliões se divertiam com a música alta na Rua Girassol com a Aspicuelta.

Em carnavais anteriores, a PM chegou a formar um cordão para expulsar as pessoas, acompanhada de garis e funcionários da Subprefeitura que usavam um megafone para avisar ao público sobre a dispersão. Os foliões eram retirados de uma vez e, então começava a limpeza. À época, houve registro de tumultos e confrontos.

Um policial afirmou que, desta vez, não houve ordem para dispersão. A lavagem começa com as pessoas ainda na rua. “Ela precisa sair para não se molhar”, disse. Apesar das horas a mais de carnaval, a “tática do jato d’água” se mostrou mais pacífica e a reportagem não presenciou conflitos.

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Na coletiva de apresentação do carnaval deste ano, no dia 13, o secretário municipal da Cultura, André Sturm, afirmou que não haveria bloqueio. “Não haverá muro, não haverá controle, ninguém vai ficar contando o número de pessoas. Não haverá cordão de isolamento, nada disso”, disse, na ocasião. “A gente espera que o bom senso mostre às pessoas que chegarem mais tarde que não dá mais para entrar.”

Gradis de controle, no entanto, foram instalados às 18 horas desta segunda em alguns acessos para o “miolo” da Vila Madalena. Ninguém entrava, só saía. “Não deixam entrar porque disseram que está muito cheio”, afirmou o estudante Pedro Alves, de 18 anos um dos que ficou do lado de fora. “É errado. Umas amigas entraram mais cedo, mas a gente resolveu dar uma volta. Agora ninguém consegue se encontrar.”

Para a estudante Ester Garcia, de 17 anos, o bloqueio aconteceu “muito cedo”. “Nos outros dias não teve isso. Meus amigos estão lá dentro, mas eu não consegui ir”, afirmou.

A bibliotecária Renata Santos, de 37 anos, pondera a decisão. “Por um lado é bom porque evita que fique uma muvuca muito grande”, disse. Ela reclama, contudo, da falta de aviso. “Disseram que não ia ter bloqueio. O carnaval deste ano está muito desorganizado.”

A Prefeitura Regional Pinheiros informou que o horário de desligamento do som foi respeitado, assim como o término dos blocos. “Vale ressaltar que as equipes de limpeza iniciam os trabalhos, às 23 horas, após o fechamento dos bares. Esse processo leva cerca de três a quatro horas para ser finalizado.”
Fonte: Estadão Conteudo

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