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“Usou lança-perfume durante todo o baile”, diz irmã de jovem morto

Segundo o ativista Darlan Mendes, a droga já provocou vinte mortes na periferia da capital desde o começo do ano

Por Adriana Farias
Atualizado em 19 abr 2018, 14h47 - Publicado em 19 abr 2018, 13h56

O jovem Wanderson Aguiar, de 20 anos, morreu no último sábado (14) após ficar três meses internado devido ao uso de lança-perfume durante um baile funk na Zona Norte de São Paulo.

Segundo Darlan Mendes, ex-presidente da Associação Rolezinho A Voz do Brasil e hoje ativista da periferia que luta contra a inalação do produto, essa é a 20ª morte do tipo desde o começo do ano na cidade.

A irmã de Wanderson, Bruna Aguiar, relatou o caso em quatro vídeos em sua rede social na internet e as publicações já somam cerca de 4 milhões de visualizações. Em entrevista a VEJA SÃO PAULO, ela conta como a droga levou seu irmão e estaria causando outras vítimas na cidade:

No dia 13 de janeiro, Wanderson foi para um baile e usou lança-perfume durante toda a festa. Ele já estava deprimido porque nossa mãe havia morrido recentemente de câncer. Chegou até que bem em casa, mas depois começou a passar muito mal. Parecia estar morto e o levamos correndo para o Hospital Municipal Vereador José Storopolli, no Parque Novo Mundo.

Ficou 45 minutos sem oxigênio no cérebro. Dali para frente se tivesse uma parada cardíaca não ia sobreviver. No dia seguinte, o transferimos para o Hospital Municipal da Vila Santa Catarina onde ficou 15 dias na UTI. Avisaram que se ele acordasse ficaria em estado vegetativo. Por um milagre, ele acordou reconhecendo todos os familiares.

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Wanderson e a família graus (Reprodução/Veja SP)

Fizeram uma traqueostomia para que ele pudesse respirar. Não podia falar e perdeu todos os movimentos. Passou a ter febres de 40,5 graus. Tudo porque o lança mexe com os neurônios, afeta diretamente o cérebro. Teve pneumonia de tanto ficar na cama, adquiriu uma bactéria no sangue, mas os médicos conseguiram controlar. Quando ele estava pronto para ir para casa, com a instalação de uma sonda para comer, e passar a receber cuidados em casa, ele morreu.

Moro no Jardim Brasil, na Zona Norte. Conheço muitos que morreram de lança-perfume, mas nenhum caso como o do Wanderson. Porque todos tiveram mortes mais imediatas, a dele não. Lutou por três meses. Uma das mortes foi de uma menina de 14 anos. Os jovens acham que não vai acontecer com eles, só com os outros. Minha postagem viralizou porque o intuito agora é de alertar os jovens.

Wanderson deixou um filho de três anos.

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Desde 2014, Mendes, ao lado dos colegas ativistas Ricardo Sucesso e Sidney Santos, iniciou a campanha Lança Mata nas periferias da capital. Em 2015, levaram para a Câmara Municipal de São Paulo a ideia para um projeto de lei para proibição dos componentes químicos a menores de 18 anos e o controle deles. A PL 143, dos vereadores Eliseu Gabriel (PSB) e Adilson Amadeu (PTB), foi aprovado em primeira discussão em setembro de 2015, mas parou por aí.

Nesta semana, Darlan protocolou outra ideia legislativa para que o lança seja considerado uma droga e não um crime contra a saúde pública. “Muitos jovens estão morrendo por causa disso. A lei não considera como droga e quem é pego vai para delegacia, assina um termo circunstanciado ou paga uma fiança e sai enquanto isso ela continua fazendo vítimas pelo país”, diz. “Vamos colher 20 000 assinaturas para que a proposta possa seguir para Comissão de Direitos Humanos do Senado.” Quem quiser apoiar o projeto pode acessar a página do Senado clicando aqui.

Foto da campanha contra o lança-perfume (Darlan Mendes)
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