“São Paulo quer um candidato que não fique no Twitter e no Instagram”, diz Vinicius Poit

O deputado federal pelo Partido Novo, eleito em 2018 com mais de 207 000 votos, foi escolhido como pré-candidato ao governo do estado em processo seletivo

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 Maio 2024, 19h51 - Publicado em 30 jul 2021, 06h00
vinicius poit está de terno, em uma sala, sorrindo
Vinicius Poit, do Novo, não teme a competição de políticos mais consolidados ou que já passaram pelo Poder Executivo na disputa pelo governo estadual em 2022 (Divulgação/Divulgação)
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A crise pela qual passa sua legenda, com a desistência de João Amoêdo de concorrer ao Planalto, sucedida por conflitos internos entre bolsonaristas e agora contrários ao presidente, não parece preocupar publicamente o parlamentar de 35 anos. Sem experiência no Poder Executivo, Vinicius Poit afirma que seu trabalho como empresário e sua atuação em Brasília o credenciam a disputar a sucessão de João Doria. Diz também não temer concorrentes consolidados, como Geraldo Alckmin, Rodrigo Garcia, Guilherme Boulos e Fernando Haddad, e os mais novatos, como Arthur do Val, quinto colocado na última eleição municipal da capital.

O processo seletivo que o Novo fez em 2019 deixou passar incongruências no currículo do então candidato à prefeitura paulistana, Filipe Sabará, que nega qualquer irregularidade. Como foi a escolha agora?

O partido vem evoluindo aos poucos com o aprendizado de outras eleições. Eles foram bem rígidos. Depois de analisarem meu currículo, colocaram uma empresa de compliance para checar se tudo o que falei é aquilo mesmo. Além de aplicar provas, fizeram uma espécie de background check, a popular “puxar a capivara”. As fases seguintes foram para eu mostrar como será minha campanha e como identifico os principais problemas do estado.

Uma crítica que você deve ouvir na campanha é a falta de experiência no Poder Executivo. Como ser candidato a governador sem nunca ter sido um gestor público?

A aparente falta de experiência no setor público mostra que não é tão verdade quando mostro as minhas experiências como empresário. Tenho experiência em gestão de empresas, de times, planejamento estratégico. Essas experiências valem para qualquer coisa na vida, inclusive para a política. Peguei tudo o que fiz como empresário e executivo e trouxe para o meu mandato de deputado. Sempre foco na solução. Vamos resolver os problemas do cidadão.

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As empresas que você gerenciou estavam em recuperação judicial? Qual era o modelo de gestão e qual o faturamento delas?

Uma delas estava em processo anterior ao da recuperação. Era uma empresa de call center com um faturamento de 20 milhões de reais por ano. Reorganizamos o fluxo de caixa, colocamos metas, falamos com clientes para tentar receber antes. E cortamos custos. Depois do nosso trabalho, a empresa foi saneada e vendida.

Mas uma coisa é gerir uma empresa e outra é gerenciar 30% do PIB brasileiro. O próprio governador João Doria, quando assumiu a prefeitura paulistana, viu a dificuldade de replicar no setor público o que fazia no ramo empresarial.

A minha grande diferença para o João Doria é que eu passei pelo Parlamento. Essa já é uma prova de fogo. O ritmo na Câmara é outro, mesmo em relação ao Executivo. Aqui o que conta muito é o trabalho em equipe. Um trabalho individual ganha um jogo; o coletivo ganha um campeonato.

Por falar em equipe, o Partido Novo vive uma grande crise. Seu principal líder, João Amoêdo, acabou de desistir de concorrer à Presidência. Essa turbulência e falta de união interna prejudicarão sua campanha?

Não vejo um partido menor, não vejo que deu uma encolhida. Assim como qualquer projeto, vamos passar por crises. E isso você pode encarar como oportunidade para crescer e ficar mais forte. As divergências são naturais. Mas vamos focar nos 90% que concordam, não nos 10% que discordam.

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“Tenho experiência em gestão de empresas, de times, planejamento estratégico. Essas experiências valem para qualquer coisa na vida, inclusive para a política”

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Podemos dizer que 2018 foi o ano do Novo. Por aqui a legenda elegeu quatro deputados estaduais e três federais. Mesmo assim, o candidato de vocês ao governo, o Rogério Chequer, teve apenas 3% dos votos. Em 2022, depois de resultados insatisfatórios no pleito municipal do ano passado, como conseguir relevância?

Sem dúvida nenhuma que é um desafio importante, mas temos certeza de que conseguiremos fazer mais votos do que em 2018. Ao contrário dos anos anteriores, nosso processo seletivo ocorreu um ano e meio antes. Além dos parlamentares que você citou, temos três vereadores na capital. Nosso partido está mais robusto.

Além de concorrentes como Alckmin, Haddad, Boulos e Rodrigo Garcia, sua candidatura poderá enfrentar o Arthur do Val, que também é de direita, como você, mas que tem um recall do pleito municipal de 2020. Não seria o caso de vocês se unirem, unirem a direita?

Vejo muita polarização, muito extremismo, ataques de muitos lados. Busco me diferenciar, me apresentar como nome realmente que age de forma nova. Vamos parar de mitada e lacrada e falar de trabalho? São Paulo quer um candidato que não fique no Twitter e no Instagram, sempre politizando e brigando.

A quem você se refere?

Não estou falando de ninguém específico, mas sim de um jeito oportunista de fazer política que alguns utilizam. Ficam só fazendo malabarismo. Trabalho que é bom, nada. Resultado concreto para a população que é bom, nada.

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Há quem diga que suas próximas pretensões eleitorais vão além. Você pode se candidatar pensando mais em outras eleições futuras, como para prefeito em 2024?

Prefiro ser otimista. Você conhece um pessimista bem-sucedido? Eu não conheço. Estou confiante, principalmente diante deste cenário polarizado e extremista, de ataque pessoal. Não tenho plano B nem C.

Que avaliações você faz da gestão de João Doria antes e depois da pandemia?

Não tem como não falar da pandemia. O golaço dele que foi a vacina. Houve todo um esforço, tanto do Instituto Butantan quanto dos dois secretários de Saúde (o ex-José Henrique Germann e o atual, Jean Gorinchteyn), sem deixar de falar da Investe SP. Com certeza isso salvou vidas. Por outro lado, será que tratar os 645 municípios de forma igual durante a pandemia foi a melhor forma? Será que algum setor não poderia ter recebido um olhar mais individual? O setor produtivo deveria ter uma atenção melhor.

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Você vai fazer campanha no Tinder, como em 2018?

Não. Estou noivo, encontrei o amor da minha vida.

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Publicado em VEJA São Paulo de 04 de agosto de 2021, edição nº 2749

 

 

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