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Réu por estelionato, vice do Detran se filmou a quase 100 km por hora

Carlos Augusto Galier fez imagens do velocímetro de seu carro enquanto dirigia em rodovia, o que caracteriza infração gravíssima

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
7 set 2018, 16h08

Em uma rodovia, um motorista filma o painel da própria Mercedes a 96 km/h, em meio à trilha da eletrônica e dançante “The Main Room Party” que toca no rádio. “Ah, seria na Imigrantes, e o limite lá é de 100 km/h”, diz ao Estado o condutor. Além de cometer irregularidades no trânsito, ele também acumula duas pendências com a Justiça Criminal. Em ambas, acusado pelo Ministério Público de estelionato. Este é o recém nomeado vice-presidente do Detran de São Paulo, pelo governador Márcio França nesta quarta-feira, 5. Após contato da reportagem, o governo afirmou que irá tornar o ato sem efeito.

Além do vídeo em que filma o painel de sua possante a toda velocidade, Carlos Augusto Galier a expõe de outros ângulos em suas redes sociais. “Mas isso foi em 2015, tem mais de dois anos”, justifica sobre a infração considerada gravíssima pelo órgão que agora dirige. Ele diz ter sido indicado ao cargo por ‘mérito’. “A gente tem o merecimento, entendeu? E, como estava muito afastado para mim, onde eu estava trabalhando, em Ibiúna, onde tenho casa e escritório de advocacia, para mim fica mais viável em São Paulo. O que deu para encaixar foi isso daí”.

No instagram e no Facebook, Galier também mostra fotos com amigos – entre eles, um ex-BBB -, em festas, baladas e na academia, onde exibe os braços tatuados. Foi malhando os músculos que Galier se envolveu, em uma de suas ocorrências policiais, registrada no 1º DP de Taboão da Serra. À época, em 2016, era delegado do Procon em Ibiúna, interior de São Paulo. A suposta vítima, Maurício Tadeu Sales, disse ter ouvido um boato na academia que frequentava segundo o qual na mira da Polícia por fraude ao seguro. Ele diz que pediu a Galier, que teria se apresentado como delegado, para que averiguasse sua situação. De acordo com Maurício, causava temor o fato de que fora indenizado pelo seguro após registrar Boletim de Ocorrência pelo roubo de seu antigo automóvel.

Segundo Sales, o novo vice do Detran teria dito a ele que, de fato, era investigado, porque a polícia tinha em sua posse dois CDs nos quais continham imagens que provavam que seu carro não estava no local do suposto roubo. Por motivo que não quis esmiuçar às autoridades, Sales disse ter topado uma exigência de Galier para fazer ‘morrer’ a investigação: pagar R$ 25 mil a dois policiais. A suposta vítima diz ter dirigido até a delegacia junto de ‘Caca’, como era apelidado Galier, e que o novo vice do Detran entrou no local e voltou com uma foto sua e o número do Boletim de Ocorrência afirmando que a investigação, de fato existia. A foto de Galier ficou registrada na portaria do DP.

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A Secretaria de Estado do Planejamento e Gestão Pública informa que Carlos Augusto Galier não possui nenhuma condenação definitiva, o que o faz apto para exercer a função nomeada, e atende a emenda à Constituição do Estado de SP, que proíbe a nomeação em cargos públicos, conforme determina a lei. Responder inquéritos ou processos não pressupõe que qualquer pessoa é culpada, antes do devido julgamento. O cargo estava vago há tempos e foi preenchido de acordo com a Lei. Entretanto, o fato de fazer vídeo, e publicá-lo como exemplo, assim como mencionado na matéria, em que ele dirige, utilizando concomitantemente o celular, e fala para rede social, é absolutamente inadequado e incompatível com a postura esperada para um dirigente do DetranSP, que por ser uma instituição de Fiscalização e Controle de Trânsito, deve ter dirigentes que demonstrem o exemplo de sua própria conduta, o comportamento ideal de quem fiscaliza.

Com Estadão Conteúdo. 

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