Recém-nascido fica em cela com mãe presa por tráfico de drogas
Jéssica Monteiro permaneceu em uma cela com o filho no 8° DP do Brás até ser transferida para penitenciária

Presa por tráfico de drogas, Jéssica Monteiro, de 24 anos, passou mais de um dia em uma cela com o filho recém-nascido na carceragem do 8° Distrito Policial do Brás, na região central de São Paulo.
Nesta quarta-feira (14), ela foi transferida para o Pavilhão Materno Infantil da Penitenciária Feminina da Capital, que conta com atendimento especializado para recém-nascidos e bebês que estão em período de aleitamento materno, informou a Secretaria de Administração Penitenciária em nota.
Jéssica foi presa em flagrante grávida no sábado (10) por tráfico de drogas junto a Oziel Gomes da Silva, de 48 anos. A polícia apreendeu maconha com os dois e ainda cocaína e duas espingardas com Oziel.
Segundo o boletim de ocorrência, policiais militares faziam patrulha no Bom Retiro e, por meio de denúncia anônima, foram informados que os dois repassavam drogas. Oziel foi revistado e a polícia encontrou quatro porções de maconha em sua bermuda. Jéssica tinha escondido quatro trouxas da maconha dentro do sutiã e , segundo a polícia, teria jogado no chão ainda 23 trouxas da droga. Ainda na casa de Oziel a polícia encontrou 37 trouxas de maconha e quarenta pinos de cocaína.
No dia da audiência de custódia, marcada para domingo (11), Jéssica entrou em trabalho de parto e foi levada sob escolta ao Hospital Municipal Doutor Ignácio Proença de Gouvêa, localizado na Mooca, na Zona Leste da cidade.
Seu advogado, Paulo Henrique Guimarães Barbezane seguiu para a audiência, em que a prisão por flagrante foi convertida para prisão preventiva pelo juiz Claudio Salvetti D’Angelo.
Na terça-feira (13), ela voltou a delegacia no período da tarde, com o bebê, e foi instalada em uma cela, sozinha. “Compramos fralda para criança com o dinheiro nosso, compramos produtos para banhar a criança, lenço umedecido, procuramos cobertas, tudo para ter o maior cuidado possível”, disse o delegado assistente José Willy Giaconi Júnior, do 8° Distrito Policial do Brás.
“Ela estava bastante abalada com a situação, cuidando do bebê, mas a carceragem é masculina no 8° DP, apesar de estar separada dos demais, ali é uma carceragem”, disse Ariel de Castro, que coordena a Comissão de Infância e Juventude no Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo. Ele também informou que ela é réu primária, tem um filho de 3 anos e se diz inocente.
“Ela foi presa supostamente em flagrante no sábado. Ela tinha três porções de maconha e ela é usuária. Os policiais revistaram a residência, uma invasão coletiva, e num determinado local encontraram droga e imputaram à ela”, disse o advogado de Jéssica, Paulo Henrique Guimaraes Barbezane. “Inclusive revistaram o quarto onde ela mora, mas não encontraram nada”, disse ele, que agora procura a revogação da prisão preventiva e relaxamento do flagrante, ou então uma prisão domiciliar para Jéssica.
Em nota, o Ministério Público informou que se manifestou pela prisão cautelar tendo em vista a presença dos requisitos legais necessários. “No mais, não há vedação legal para a prisão preventiva de pessoa gestante e há regulamentação própria para convivência do infante com a mãe, sendo que sua execução deve ficar a cargo do Poder Executivo”, informou.
