Continua após publicidade

“Nem a desculpa de black bloc a polícia tem dessa vez”, diz mãe de estudante ferido

Mãe de Guilherme Camargos, de 19 anos, afirma que vai processar o Estado; garoto passou por cirurgia de reconstrução do dedo no Hospital Albert Einstein

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 5 dez 2016, 11h43 - Publicado em 13 jan 2016, 21h10

Para o estudante de arquitetura Gustavo Camargos, de 19 anos, o protesto contra o aumento da tarifa do transporte público começou na Avenida Paulista, no centro, e terminou em uma sala de cirurgia. Atingido por estilhaços de bomba de efeito moral lançada pela Polícia Militar, o jovem sofreu fratura exposta no polegar direito, quebrou ossos da mão e rompeu um tendão.

Por causa dos ferimentos, a mãe dele, a advogada Ana Amélia Camargos, afirma que vai processar o Estado e pedir indenização. Ela conta que o filho participava pacificamente do ato organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL) na tarde de terça (12). “De repente, começou um corre-corre: a polícia o acuou e começou a jogar bomba. Ele sentiu a explosão e ficou com o ouvido zumbindo. Ao olhar para mão, percebeu que estava ferido”, conta a advogada.

+ Manifestante é detido antes de ato começar na Paulista

Um pano foi usado para imobilizar o dedo fraturado, mas Camargos não conseguia sair para pedir ajuda por causa da fumaça de gás lacrimogêneo que o cercava. O estudante recebeu ajuda de um homem e foi abrigado em uma galeria. Com a situação mais calma, conseguiu ligar para a mãe. Ana Amélia o levou para o Hospital Albert Einstein, na zona sul, onde passou pelo primeiro de uma série de procedimentos cirúrgicos para reconstituição do dedo fraturado. “A preocupação maior era limpar o local e evitar infecções, mas ele vai passar por outras cirurgias”, conta.

“Estou consultando colegas de outras áreas para fazer um manifesto de repúdio à violência da polícia contra os jovens. Também vamos processar o Estado e pedir indenização.”, diz a advogada. “O ato é legítimo e os manifestantes não estavam fazendo nada demais. Nem a desculpa de black bloc a polícia tem dessa vez.”

Continua após a publicidade

+ Da Paulista, MPL comanda “travamento” na 23 de Maio

Camargos já havia participado de manifestações anteriores, mas, se depender da mãe, ele não deve voltar tão cedo às ruas para protestar. “Ele tem visão social, mas considerando essa polícia absurda e troglodita, vou ficar extremamente preocupada”, afirma.

O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, afirmou nesta quarta (13) que foi necessário fazer a “dispersão” porque os manifestantes se recusaram a seguir o trajeto proposto pela PM sem ter combinado previamente por que caminho seguiriam. “Em vez de quererem se manifestar, eles preferiram tentar romper o bloqueio e ir para a Avenida Rebouças, que não estava preparada para manifestações.”

+ Grupo vai para Higienópolis e é reprimido com bombas

Continua após a publicidade

Moraes também classificou como “absolutamente necessário” o aparato policial empregado no protesto, que, além de armas não letais como bombas de gás e de efeito moral, contou com blindados para conter tumultos e até a presença da Rondas Ostensiva Tobias de Aguiar (Rota), a tropa da PM preparada para ocorrências mais perigosas e com o maior índice de letalidade da corporação.

Feridos

De acordo com informações do MPL, 24 foi o total de feridos durante o ato na Avenida Paulista. Outras 13 pessoas foram detidas e 11 delas liberadas após se apresentarem na delegacia, segundo a SSP.

Um menor foi encaminhado para uma unidade da Fundação Casa e um homem permaneceu detido. Os dois são acusados de portar explosivos.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de R$ 39,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.