Montagens do Metropolitan chegam aos cinemas ao vivo, via satélite
Em São Paulo, 'Boris Godunov' será transmitida nas salas dos shoppings Santa Cruz, Eldorado, Villa-Lobos, Cidade Jardim, Market Place e Iguatemi
No sábado (23), o Metropolitan Opera House, em Nova York, recebe Boris Godunov, obra do compositor russo Modest Mussorgsky (1839-1881) sob a batuta de seu conterrâneo Valery Gergiev e com o baixo alemão René Pape no papel-título. Enquanto o público que pagou entre 30 e 420 dólares assiste ao espetáculo no Upper West Side, uma plateia de 45 países acompanha a transmissão ao vivo via satélite no escurinho do cinema. No Brasil, São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte participam da empreitada. Por aqui, as salas Cinemark dos shoppings Santa Cruz, Eldorado, Villa-Lobos, Cidade Jardim, Market Place e Iguatemi fazem sessões legendadas às 14 horas com ingressos a 60 reais.
Essa história de passar ópera nos cinemas — um bálsamo diante da atual agenda lírica da cidade, enfraquecida pela reforma do Teatro Municipal — começou em fevereiro de 2009 por iniciativa da distribuidora MovieMobz. Num primeiro momento, os espetáculos eram gravados. Em maio, houve um teste ao vivo para convidados de ‘Armida’, de Rossini. Tudo certo com o equipamento, começou no último dia 9 a fase de transmissão simultânea. Logo de cara, uma superprodução: ‘O Ouro do Reno’, de Wagner, primeira parte da tetralogia ‘O Anel dos Nibelungos’. Sob a regência de James Levine e com uma encenação impactante de Robert Lepage, a peça tinha ingressos que chegavam a 1 300 dólares no teatro.
Na sessão do Shopping Eldorado acompanhada por VEJA SÃO PAULO, houve poucas falhas — um ou outro congelamento na imagem (lembrando que a projeção não é em película, mas digital). Antes e depois do espetáculo, ouvia-se um áudio com comentários do crítico Rodolfo Valverde. Segunda pedida da etapa ao vivo, ‘Boris Godunov’ conta a saga do regente real russo do título, um dos personagens centrais do chamado ‘Tempo das Perturbações’, na passagem do século XVI para o XVII. A obra exige fôlego dos espectadores: são quatro horas e meia de cantoria, com dois intervalos. Até maio, mais dez óperas ganham o palco lá e a grande tela aqui (‘Don Carlo’, de Verdi, será a única com projeção gravada).