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“Ninguém merece ter a privacidade invadida”, diz aluno filmado em banheiro

Câmeras estavam dentro de sanitários masculino e feminino de escola na Mooca; diretora foi afastada e responderá a processo interno

Por Clayton Freitas
Atualizado em 28 jun 2022, 18h10 - Publicado em 28 jun 2022, 18h09

Richard Borges do Amaral, 18 anos, um aluno de uma escola estadual flagrado por câmeras instaladas pela direção da unidade enquanto fumava maconha no banheiro na companhia de um colega, afirmou se sentir injustiçado. “Ninguém merece ter a privacidade invadida desse jeito. É um absurdo”, afirmou.

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Após a repercussão do caso e da descoberta de que as câmeras estavam instaladas nos sanitários, a Secretaria Estadual de Educação decidiu afastar a diretora e desligar os aparelhos.

O caso aconteceu no dia 21 de junho, terça-feira da semana passada, quando Richard e um colega foram “fumar uma pontinha” no banheiro da escola, algo que não demorou nem cinco minutos, segundo disse. Eles voltaram para a sala de aula e, ao término, foram chamados na diretoria. “Estávamos queimando só uma pontinha, estava acabando já, ninguém ouviu nada e nem sentiu cheiro algum”, disse.

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Ele disse que assim que entraram na sala da direção da escola, a diretora mostrou uma foto de cada um deles fumando maconha, para provar que eles de fato estavam fazendo que, segundo ela, era irregular. Ambos receberam advertência. “Disse que chamaria nossos pais, que os nossos pais decidiriam se nos denunciavam para a Ronda escolar ou não”, afirmou.

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De volta à escola no dia seguinte, na quarta-feira (22), Richard se perguntou como ela poderia ter a foto de ambos, sendo que não havia ninguém no local além dos dois. Foi aí que teve a ideia de vasculhar no banheiro e acabou localizando a câmera, instalada atrás do revestimento da parede, entre as duas janelas. “Em seguida eu pedi para a minha namorada verificar no outro banheiro se tinha também, e estava lá”, disse.

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Ele teve aulas de forma normal até a sexta-feira (24), quando foi novamente chamado na direção dizendo que não poderia mais assistir as aulas por estar suspenso e não poderia assistir aulas presenciais pela segurança dos demais estudantes. Foi aí que ele questionou a direção da escola o motivo pelo qual as câmeras estavam no local.  A diretora então disse que o acusaria de ter quebrado a porta do banheiro e criado um grupo de WhatsApp para incentivar os alunos a fumarem maconha. “Na sexta-feira, com os motivos que ela criou, ela disse que eu não poderia permanecer na escola. Eu nunca tive problema algum, nunca repeti, tive suspensão e nada. Ela queria me tirar da escola dizendo coisas sem provas, dizendo que fumávamos na sala e todos sabem que existem câmera na sala de aula”, disse.

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Câmera foi instalada dentro de revestimento da parede do banheiro de escola estadual, entre dois vitrôs
Câmera foi instalada dentro de revestimento da parede do banheiro de escola estadual, entre dois vitrôs (Divulgação/Veja SP)

Ao ser mandado mais cedo para a casa, ele decidiu contar o caso à polícia. “Eu não gosto de sair dizendo por aí que fumo maconha, eu tenho vergonha. Eu cometi um erro, mas foi por ele que acabei descobrindo algo pior ainda”, disse. Após receber uma reprimenda das autoridades policiais e de seus pais, ele registrou o boletim de ocorrência no 18º DP (Alto da Mooca), que irá investigar se a direção da escola infringiu o artigo 232 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que tipifica como crime submeter criança ou adolescente a vexame.

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Consequências

Agora o rapaz está temeroso por perder o emprego, o de um estágio em um órgão federal, já que o seu caso foi registrado na plataforma Conviva SP – Placon, que acompanha o registro de ocorrências escolares na rede estadual de ensino.

“Me sinto muito injustiçado”, afirma o rapaz.

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Em nota, a Secretaria Estadual de Educação informou que o caso do estudante foi inserido na plataforma por questões disciplinares, sem detalhar quais, o que levou ao afastamento do aluno por sete dias conforme prevê o regimento escolar.

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A pasta informou ainda que a instalação de câmeras dentro de banheiros não faz parte de suas diretrizes. “Os equipamentos já foram retirados e uma apuração preliminar instaurada para averiguar todas as circunstâncias relativas aos fatos. A diretora da unidade foi afastada até a conclusão das investigações”, informa a nota.

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