Navalha na Carne tem montagem no Espaço Cênico do Sesc Pompeia
Estilo realista do dramaturgo santista Plínio Marcos retorna aos palcos paulistanos
Incansavelmente revisitada, a obra do dramaturgo santista Plínio Marcos (1935-1999) impôs um estilo realista e uma verborragia crua e coloquial. Na virada dos anos 60 e início dos 70, auge da repressão política, essa linguagem teve um mérito inegável e causou um impacto que consagrou o autor. A mais reverenciada de suas peças, o drama Navalha na Carne (1967), volta em uma pungente montagem carioca no Espaço Cênico do Sesc Pompeia, transformado em um quarto de pensão. Com a decoração decadente e o papel de parede marcado por infiltrações, a ambientação leva o público — acomodado em cadeiras de metal — a embarcar na encenação dirigida por Rubens Camelo.
O cafetão Vado (o ator Rogério Barros) acorda e não encontra o dinheiro arrecadado pela prostituta Neusa Sueli (papel de Marta Paret) na noite anterior. Depois de agredida por ele, a mulher acusa o faxineiro Veludo (Rubens Queiroz) de roubo. Fiel à alma do dramaturgo, o diretor não força uma contemporaneidade além daquela que os personagens mantêm. Mergulhados numa atmosfera marginal, os atores provocam apreensão na plateia com a violência física de seus embates. Rogério Barros, em uma interpretação enérgica, impõe o seu Vado, assim como Queiroz alcança uma equilibrada composição para Veludo. Neusa Sueli é defendida com empenho por Marta Paret, embora a atriz aparente uma juventude e um frescor, já perdidos pela sofrida prostituta, que destoam diante de tanta crueza.
AVALIAÇÃO ✪✪✪