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Musicais como ‘Hairspray’, ‘O Rei e Eu’ têm gastos surpreendentes

Além das duas produções, mais duas peças estarão nos palcos em breve; os quatro espetáculos em cartaz juntos empregam quase 20 milhões de reais

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 1 jun 2017, 18h46 - Publicado em 26 fev 2010, 14h27

Nesta semana, São Paulo volta a ostentar um título que há uma década soaria pretensioso: o de capital brasileira dos musicais. Estão em cartaz a comédia ‘Hairspray’, protagonizada por Edson Celulari no Teatro Bradesco, e ‘O Rei e Eu’, montagem de Jorge Takla no Teatro Alfa. A partir de quinta (4), toma conta do Teatro Abril o popular ‘Cats’, espetáculo de Andrew Lloyd Webber consagrado na Broadway entre 1982 e 2000. No dia 12, estreia no Teatro Sérgio Cardoso ‘O Despertar da Primavera’, adaptação da peça do alemão Frank Wedekind cuja versão brasileira é assinada por Charles Möeller e Claudio Botelho. Juntas, essas quatro produções empregam 200 artistas, entre atores, bailarinos e músicos, além de 300 outros profissionais nos bastidores. ‘Cats’, ‘O Despertar da Primavera’, ‘Hairspray’ e ‘O Rei e Eu’ somam um orçamento inicial que beira os 20 milhões de reais.

 

Paula Kossatz

FORÇA NO LAQUÊ: Os trabalhos para que Hairspray chegasse ao palco começaram dois anos antes da estreia, em julho, no Rio de Janeiro. Logo depois de lançar o musical Os Produtores (2007), o produtor Sandro Chaim começou a viabilizar a montagem. Os direitos autorais custaram 100 000 dó – lares, e mais de 3 milhões de reais foram investidos em cenários, figurinos e contratação de atores. Na manutenção do espetáculo, em cartaz no Teatro Bradesco, 1,5 milhão de reais extras são gastos mensalmente. Tudo para não decepcionar quem já se divertiu muito com a história adaptada duas vezes para o cinema

Esses valores podem parecer pequenos em comparação aos da meca dos musicais. Uma média de quarenta espetáculos estreia na Broadway a cada ano, em encenações que custam cerca de 10 milhões de dólares cada uma. Em Nova York, no entanto, aproximadamente 63% da plateia é formada por turistas. Já aqui, apenas 25% dos pagantes vêm de fora da capital. Para encantarem os paulistanos, os produtores esmeram-se em cada detalhe do que será exibido. Com a experiência de três décadas, o diretor Jorge Takla é um perfeccionista. Ele importou tecidos da Tailândia para os figurinos de O Rei e Eu, confeccionados por setenta costureiras e bordadeiras em um ateliê na Bela Vista. Sem patrocínio até o momento, Takla vendeu um apartamento na esquina das ruas Consolação e Oscar Freire, nos Jardins, e levantou empréstimo bancário para completar o custo de 5 milhões de reais. “O que me interessa é fazer teatro, é dessa paixão que eu vivo”, afirma ele.

 

Jairdo Goldflus

2154 musicais - o rei e eu (festa do teatro)
2154 musicais – o rei e eu (festa do teatro) ()

Montagem adaptada por Jorge Takla da obra de Richard Rogers e Oscar Hammerstein II, O Rei e Eu consumiu 5 milhões de reais para ser vista a partir deste sábado (27). Desse montante, 600 000 reais foram destinados aos suntuosos figurinos, que reúnem um total de 550 peças. Cerca de 500 000 reais vão para o salário da equipe. No palco sobem setenta atores, entre eles os tarimbados Tuca Andrada e Claudia Netto (foto acima). O maestro Jamil Maluf rege 22 músicos. Nos bastidores, o corre-corre é protagonizado por 35 técnicos, e mais quinze pessoas resolvem as pendengas administrativas. Para a manutenção, Takla deve gastar cerca de 1,2 milhão de reais ao mês. Ele sonha com a lotação de, pelo menos, 80% das sessões no Teatro Alfa, feito conquistado por My Fair Lady em 2007

O mesmo cuidado é dispensado na preparação de ‘Cats’, orçada em 6 milhões de reais. A história da gata Grizabella (interpretada pela cantora Paula Lima) chega à cena brasileira depois de ‘Les Misérables’ (2001), ‘A Bela e a Fera’ (2002 e 2008), ‘Chicago’ (2004), ‘O Fantasma da Ópera’ (2005) e ‘Miss Saigon’ (2007). “Só agora temos condições de reunir um elenco que interpreta, canta e dança o tempo inteiro”, afirma a produtora Almali Zraik. Ela acompanha as seleções desde 2002 e, desta vez, conferiu os predicados de mais de 2 000 candidatos, além dos ensaios de oito horas por seis dias da semana. “Eu ouvia os artistas falando que se deitavam e acordavam com o corpo doído, tamanha era a exigência”, completa Almali.

 

Selmy Yassuda

2154 musicais abre - despertar da primavera
2154 musicais abre – despertar da primavera ()

SÓBRIO E NÃO MENOS CARO: Escrita pelo alemão Frank Wedekind em 1891, a peça O Despertar da Primavera ganhou há quatro anos uma montagem musical na Broadway assinada por Duncan Sheik e Steven Sater. Apesar de usar um único cenário no Teatro Sérgio Cardoso, que inclui um elevador e dois túmulos, a encenação de 4 milhões de reais teve 300 000 destinados à direção de arte. A folha de pagamento custa 200 000 reais mensais. Efeitos simples, como o gelo seco, não saem por menos de 8 000 reais por mês

A qualidade de uma nova geração foi sentida nas audições de ‘O Despertar da Primavera’, nos primeiros quatro meses de 2009, no Rio de Janeiro. Na venda dos direitos autorais, que custaram 120 000 dólares, os autores fizeram uma exigência: respeitar a idade dos personagens. Dezenove atores têm entre 16 e 25 anos e foram selecionados entre mais de 3 000 interessados. A meta de conquistar os jovens e formar novo público para os musicais foi alcançada no Rio, com 55 000 espectadores em cinco meses. “Em São Paulo vamos ter ingressos a 60 reais para atrair essa moçada”, explica a diretora da produtora Aventura Entre tenimento, Aniela Jordan, uma das responsáveis pela montagem de 4 milhões de reais. Mais abrangente é o público de Hairspray. A versão para o sucesso da Broadway lançado em 2002 foi aplaudida por 100 000 pessoas em seis meses no Rio e fez rir de crianças a idosos. Por trás de quarenta trocas de cenário, 35 toneladas de equipamentos, 350 mudanças de luzes, 350 figurinos e 100 perucas, estão 100 profissionais. Orçada inicialmente em 3 milhões de reais, a produção consome até 1,5 milhão de reais mensais para ser mantida. Esse valor inclui o pagamento de artistas e técnicos, o aluguel do teatro — que varia de 20% a 30% da bilheteria — e a porcentagem de lucro para os atores principais. Ou seja, fazer São Paulo cantar e dançar não sai barato.

 

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