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Motéis vetam hidro e recorrem a caminhão pipa para encher jacuzzi

Presidente de associação do setor reclama que cliente não entende o momento de crise. "Ele quer tomar banho de ducha dupla, deixar a banheira cheia. É difícil"

Por Nataly Costa
Atualizado em 5 dez 2016, 13h58 - Publicado em 15 out 2014, 20h34

A falta de água e a iminência de um racionamento está afetando os motéis da Região Metropolitana de São Paulo. Mais sensível ao problema do que os hotéis – afinal, muitos quartos têm banheira, piscina particular, cascata e maior rotatividade de clientes por dia -, o setor cria planos de contingência para tentar driblar a crise. 

“Estamos comprando água de cidades como Ribeirão Pires, Diadema, recorrendo a caminhões-pipa. O hóspede do motel não está preparado para economizar. Ele quer tomar banho de ducha dupla, deixar a banheira cheia. É difícil”, explica Antônio Carlos Morilha, diretor da Associação Paulista de Motéis (Apam). “A população do entorno da Rodovia Raposo Tavares, por exemplo, está sem água. Aí você vê famílias indo tomar banho nos motéis da região, pai, mãe e filhos pequenos. Vão lá, passam uma hora, tomam banho e saem”, conta. 

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Sem hidro

Gerentes de diversos motéis da Grande São Paulo investem em campanhas de conscientização, mas nem sempre têm o retorno esperado. O Studio A, na Freguesia do Ó, Zona Norte de São Paulo, agora dá preferência para o aluguel dos quartos sem banheira de hidromassagem, mesmo que isso signifique perder dinheiro. “Quando chega um casal, a ordem é encaminhar para o quarto sem hidro, que é mais barato, mas a gente prefere para poder economizar na água”, conta o gerente Claudionor Santos. Conseguir o melhor quarto, só quando o estabelecimento está cheio.

No Snob´s, na Vila Mariana, Zona Sul, a situação é a mesma. “A gente começou nesta semana a ‘prender’ as melhores suítes com piscina, sauna e cascata. Deixamos de faturar em um quarto de 100 reais a hora para alugar o de 70 reais”, explica a gerente Elaine Souza. Mesmo assim, ainda é necessário chamar um caminhão-pipa de 30 000 litros de água pelo menos duas vezes por semana, o que deve resultar no aumento do preço dos pernoites. “Teremos que repassar esse custo”.

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Antecipando-se ao racionamento, o motel Confidence, em Santo André, diminuiu a pressão da água no chuveiro e na jacuzzi. O gerente de operações João Silva lamenta, com forte sotaque português: “Infelizmente, a banheira está demorando mais para encher”. “Já tivemos reclamações de clientes, mas explicamos a situação e oferecemos aumentar a água. Nunca precisou, eles acabaram entendendo”. 

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Bronca dos vizinhos

Dono dos motéis Classe A, na Mooca – aquele com a suíte dedicada ao Corinthians – e do Absolut, no Butantã, Robson Marinho conta que está sendo vigiado. “Fizemos um novo paisagismo bem bonito no Absolut e não podemos nem regar o jardim. Outro dia estávamos molhando as plantas e os vizinhos começaram a reclamar do desperdício”, diz. 

Marinho também colocou arejadores nas torneiras para economizar água e adesivos de campanhas educativas em cada quarto. “Mas é impossível controlar.”

 

 

 

 

 

 

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